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A agricultura urbana não é uma prática nova. Sua história está vinculada, ao mesmo tempo, à formação de cidades e ganhou destaque no Brasil a partir dos anos 1990

Agricultura urbana apoia produção de alimentos em territórios vulneráveis

Objetivo da agricultura urbana é proporcionar confiança para os moradores começarem a plantar seus próprios alimentos

Uma horta comunitária da agricultura urbana plantada em dezoito estruturas diferentes, dentre vasos, caixotes de plástico e de madeira pode ser encontrada em uma unidade descentralizada do Centro de Referência da Assistência Social – Cras da comunidade São Judas, em Campinas.

As plantas são diversas. Podem, no entanto, ser usadas para chás, como hortelã e capim-limão, para temperos, como cebolinha e salsinha. Assim como para acompanhar as refeições, como beterraba e quiabo. Esse é um dos resultados do projeto Agricultura Urbana da Fundação FEAC. Sobretudo, conta com uma parceria com o negócio de impacto Pé de Feijão, com início em agosto de 2021.

“É maravilhoso mexer com a terra. Na hora da colheita, fico muito feliz de saber que fui eu que plantei, junto com minhas amigas; e agora a gente está colhendo”, declara Maria Marinho. Dona Maria, como é conhecida, mora no bairro São Judas e faz parte de um grupo de mulheres bordadeiras. Essa é a sua primeira experiência plantando sua própria comida.

O projeto promove o então cultivo agrícola em dois territórios vulneráveis de Campinas – São Judas e comunidade Menino Chorão, no Campo Belo. Utiliza-se, dessa maneira, das técnicas da agricultura urbana. Sendo assim, o objetivo é proporcionar confiança para os moradores começarem a plantar seus próprios alimentos. E, assim, ajudar a combater a insegurança alimentar e nutricional agravada pela pandemia de Covid-19.

“A agricultura urbana é um apoio para a segurança alimentar. Uma vez que as pessoas podem produzir dentro de casa, no recipiente que possuem”; explica Luisa Haddad, bióloga e cofundadora do Pé de Feijão. Aliás, na primeira fase, o projeto focou em estimular o plantio em casa. Os grupos participaram de oficinas quinzenais sobre temas como:

  • horta doméstica.
  • compostagem doméstica.
  • chás medicinais.
  • aproveitamento integral dos alimentos.

Horta doméstica

Na oficina de horta doméstica, os participantes montaram um vaso de erva ou tempero. Aprendem, sobretudo, o passo a passo e os cuidados. Por fim, todos receberam vasos e mudas para seguirem com o plantio.

Luisa explica, no entanto, que o principal objetivo dessa etapa foi estimular a confiança dos moradores na sua capacidade de execução. “Se você praticar, pode começar a ser autossuficiente em parte dos temperos e alguns vegetais, como beterraba, rabanete e tomate”; explica a bióloga, com exemplos do que é possível cultivar em vasinhos.

Já na segunda fase, o projeto expandiu a ação para a implantação de hortas comunitárias, focando no trabalho coletivo. A equipe ensinou todas as etapas de uma produção agrícola orgânica e agroecológica, sem o uso de agrotóxicos. O controle de pragas, por exemplo, pode ser feito com produtos naturais à base de leite ou alho.

Uma história longa e fértil da agricultura urbana

A agricultura urbana não é, portanto, uma prática nova. Sua história está vinculada, ao mesmo tempo, à formação de cidades. Mais recentemente, com os processos migratórios da população do campo para as cidades, essa agricultura tende a reproduzir características e costumes da população oriunda de zonas rurais. De toda maneira, é uma prática heterogênea e que assume múltiplas formas de acordo com os diferentes contextos.

Na América Latina, incluindo o Brasil, ganhou destaque a partir dos anos 1990. Políticas públicas passaram a estimular essa prática. Estratégia de combate à fome e estudos sobre o tema começaram a ser publicados.

Fonte: Gife