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Global Travel Insight, agência de viagem estima que número de solteiros deve subir 35% até 2030, atingindo 580 milhões de turistas no mundo

‘Aluguel de amigos’ e agência de viagem para solteiros ‘solitários’ movimentam segmento do turismo

Global Travel Insight estima que o número de solteiros  deve subir 35% até 2030. Atingindo cerca de 580 milhões de turistas em todo o mundo 

Há três décadas, o empresário Eduardo Martins, fundador da Keep Company, agência de viagem, enxergou nos solteiros e solitários um potencial de realizar negócios. 

Há cerca de 15 anos ele deixou de organizar roteiros de aventura e ecoturismo e passou a focar na organização de passeios no Brasil e no exterior, voltados para grupos formados por desconhecidos que não teriam ânimo de encarar a empreitada sozinhos. Esse tipo de serviço tem ganhado ainda mais força com a chamada “economia da solidão”. 

Viúva e morando sozinha, a funcionária pública Eliana de Fátima Paula, de 65 anos, viaja com a Keep Company desde 2018, e já tem outros dois roteiros marcados para o ano que vem. O primeiro deles é em março de 2025, quando ela embarca com a neta para a Coreia do Sul e Japão. No total, ela vai investir 14 mil euros (cerca de R$ 85 mil) na empreitada. 

Agência de solteiros proporciona companhias que compartilham da mesma paixão que ela tem. 

Não importa se o passeio acontece por meio de uma agência ou se o viajante organiza sua própria aventura. O fato é que o turismo solo tende a aumentar nos próximos anos. De acordo com um estudo da Global Travel Insight, o número de pessoas viajando sozinhas deve subir 35% até 2030, atingindo cerca de 580 milhões de turistas em todo o mundo. 

Neste cenário promissor, a Keep Company segue faturando. Com uma média de 40 viagens por ano, 15 no país e 25 ao redor do mundo, a empresa tem crescido na casa dos 30% ao ano em faturamento e já planeja desbravar novos rumos. De acordo com Eduardo, devido a “saturação da Europa” e os recentes protestos ocorridos por lá por conta do excesso de turistas. Assim, a agência pretende lançar em breve roteiros inéditos para Tibet, na China, e Galápagos, no Equador. 

É o caso da pesquisadora aposentada Vanusa Maria Delage, de 67 anos, que já fez seis viagens pela agência. Em cada uma, ela conta, investiu cerca de R$ 30 mil – cerca de R$ 180 mil ao todo. Para ela, as viagens também são uma forma de fazer novos amigos. “Uma delas mora em São Paulo e já nos visitamos. Ela veio a Minas e eu a levei ao Inhotim e também percorremos as cidades históricas”, relata. 

Morando só, Vanusa ocupa sua rotina com diversas atividades para não se sentir sozinha e seus hábitos de consumo também são impactados por seu estilo de vida. 

Plataforma Rent a Local Friend

E se, no lugar de viajar com um desconhecido, você preferisse “alugar um amigo” no seu destino turístico? Essa foi a ideia que a jornalista Alice Moura teve, há mais de 10 anos, quando morou na Europa e percebeu que era muito mais divertido “dar rolê” nos locais onde ela conhecia alguém. Assim, surgiu a plataforma Rent a Local Friend – algo como “alugue um amigo local” – que reúne viajantes de 65 países. 

Então, o “amigo local” determina o valor que deseja receber pelo serviço ou faz uma permuta com o turista, que pode ensinar alguma atividade. Assim como lavar a louça ou oferecer uma futura hospedagem ao anfitrião. De acordo com Alice, a plataforma hoje conta com quase 4 mil pessoas cadastradas. Em uma conta simples, isso é equivalente a uma receita de R$ 768 mil por ano para a plataforma, ou, R$ 64 mil por mês.