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As gerações mais novas têm apresentado um transtorno de saúde mental ligado às questões do clima: a ansiedade climática

ANSIEDADE CLIMÁTICA: saiba como tratar este transtorno

Devemos focar no que podemos fazer do que pela falta de ação alheia

As gerações mais novas têm apresentado um transtorno de saúde mental ligado às questões do clima: a ansiedade climática. Conforme os efeitos das mudanças climáticas tornam-se cada vez mais evidentes e intensos, com impactos como os incêndios florestais intensos, por exemplo ou o branqueamento de corais.

O fenômeno se trata de um conjunto de condições psicológicas ligadas ao medo do que pode acontecer por causa da devastação ambiental, sobretudo, em decorrência da mudança no clima. Isso pode levar a sintomas como estresse, insônia e ataques de pânico. Em pessoas com o transtorno de ansiedade climática, prevalece o medo de que a Terra não será capaz de aguentar a situação. Seja nesta geração ou nas próximas, os danos causados pelo ser humano.

Há cada vez mais sinais e evidências de que a mudança do clima tem um impacto significativo sobre a saúde mental. E, dessa forma fomentado a ansiedade climática. De acordo com um estudo da Imperial College London de 2021, há pesquisas que apontam que temperaturas crescentes levam ao uso de uma linguagem mais próxima da depressão e a maiores taxas de suicídio. Além disso, incêndios e ondas de calor têm ligação a casos de depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

Não há uma forma simples de resolver esse anseio psíquico

Segundo a geóloga e psicanalista Ana Lizete Farias, dentro da psicanálise, a ansiedade é um afeto. Por sua vez, o afeto é algo que chega à consciência humana e provoca uma sensação. Dessa forma, a ansiedade é algo que a as pessoas sentem, mas nem sempre elas sabem definir o que é aquilo. “Sabemos que as mudanças estão acontecendo, mas ainda não se tem exatamente uma certeza sobre o que vai acontecer no futuro, nem quando e nem a quem. Temos uma ideia de tudo isso, mas não é algo definido, não dá para cravar. Essas incertezas geram um tipo de expectativa que se potencializa dentro de um grande caldeirão individual das nossas histórias”, disse Farias.

Tomar atitudes com o que o indivíduo acredita para o mundo

Para a psicanalista, a discussão sobre o problema também vai além da mudança de hábitos. Ter consciência sobre a correta destinação de resíduos, preferir alimentos produzidos localmente, entre outras ações ambientalmente amigáveis, é importante, mas não é suficiente. “Precisamos pensar sobre o extrativismo predatório, a falta de limites da produção capitalista e, sobretudo, em como vamos atuar na recostura dos laços sociais. As relações estão muito precárias e frágeis”, disse.

Para administrar os sentimentos ruins, como a ansiedade climática vale essa dica. Tomar atitudes que vão de encontro com o que o indivíduo acredita para o mundo é, com certeza, uma forma de se sentir menos impotente diante das ações sobre as quais não há como ter controle. No dia a dia, algumas dicas podem fazer com que a ansiedade fique mais leve e que seja menos doloroso lidar com as emoções ruins.

Temos a destruição das nossas instituições e a questão negacionista

Além disso, ao perceber que a ansiedade pode ter uma motivação pelo uso excessivo de redes sociais e de consumo de conteúdo na internet (efeito que pode acontecer na autoestima, por exemplo, ou com a satisfação pela própria vida de maneira geral, pela percepção errônea sobre vidas perfeitas nas redes sociais), um caminho é controlar o tempo que se passa na internet e o tipo de conteúdo que é consumido.

Além disso, para buscar um tratamento adequado, é importante lembrar que a ansiedade e o medo gerados pela mudança do clima fazem parte de toda a vivência individual. Sendo assim, essas questões se acumulam junto a outras experiências negativas que geram sentimentos ruins.

Todos os países passaram os últimos dois anos enfrentando a pandemia de covid-19, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Situações que geraram mais camadas de inseguranças e incertezas, sobretudo, pelos efeitos mundiais que o conflito pode gerar. E o cenário econômico atual tem aumentado as diferenças sociais, o que levou a um aumento da população em insegurança alimentar e que passou a viver nas ruas.