Startup Já Entendi Agro promove capacitação da base da pirâmide para toda a cadeia
A empresa Já Entendi Agro Criada em 2022, em Curitiba, promove capacitação para a base da pirâmide. E ainda mais com foco em pessoas com baixa escolaridade ou dificuldades de aprendizagem. Pois o avanço tecnológico no agronegócio trouxe alguns desafios. Entre eles o de capacitar os trabalhadores do campo.
Com o objetivo de preencher essa lacuna e aumentar a produtividade do setor de maneira mais sustentável, Gladys Mariotto, Rogério Duarte e Maurício Ribeiro fundaram a startup.
Atualmente, a startup atende nove empresas e faturou R$ 400 mil em 2022. Para o próximo ano, a estimativa é atingir um faturamento mensal de R$ 103 mil. Para impulsionar o crescimento, a empresa acaba de abrir sua primeira rodada de investimentos no valor de R$ 900 mil por 10% da marca. Até agora, captou R$ 450 mil com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Gladys Mariotto, cofundadora e CEO da Já Entendi Agro, conta que tudo começou quando ela desenvolveu uma metodologia de aceleração de aprendizagem para ajuda-lá a superar os próprios desafios com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O método se tornou a sua profissão, e ela passou a desenvolver livros didáticos para grandes sistemas de ensino.
“Em 2010, numa dessas apresentações de material, eu fui selecionada para ir ao Japão no maior evento de mídia educativa do mundo, em Tóquio. Logo depois, por conta disso, a UNICEF me chamou para ir a Cuba para apresentar essa metodologia. Até então eu trabalhava para outros sistemas aplicando essa metodologia. Foi depois dessas duas experiências que nasceu a ideia de criar uma empresa focada na base da pirâmide para pessoas de baixa escolaridade”, conta a empreendedora.
“As empresas querem que cada vez mais os agricultores adotem a tecnologia”
Na época, ela fundou uma startup com foco na produção de videoaulas para capacitar trabalhadores de grandes empresas. Em 2020, enquanto buscava realizar o sonho de tornar a metodologia escalável, ela conheceu Maurício. “Ele se juntou assim, a nós a partir de uma outra startup de tecnologia que ele tinha. E trouxe uma nova visão e forma de aproveitar os projetos.”
A mudança de foco para o setor agro pois viria em 2021. Quando os empreendedores participaram de um desafio da Bayer que consistia em desenvolver uma tecnologia educacional escalável e ideal para o agro. “Fomos selecionados entre mais de 200 startups. Foi quando tivemos uma virada de chave, e o Rogério se juntou a nós para desenvolvermos o produto”, conta Mariotto.
Após visitas a fazendas em todo o Brasil, os empreendedores identificaram os desafios e problemas do setor. Entre eles estavam dificuldades no uso de novas tecnologias, falta de mão de obra capacitada e ausência de olhar estratégico para a gestão de pessoas. “A Bayer se tornou a nossa maior cliente do agro e abriu portas para outras grandes empresas. Vimos o potencial do setor e que ninguém trabalhava com essa base da pirâmide, e decidimos investir mais no produto”, afirma Mariotto.
ABC do campo
Após diversos testes e projetos-piloto, a startup chegou ao produto atual, voltado a grandes empresas do setor. O aplicativo da Já Entendi Agro oferece capacitações, treinamentos em vídeo, atividades e simulações. Os conteúdos são elaborados com linguagem simples e prática e são oferecidos online e offline, com a possibilidade de baixar conteúdos para acessar depois. Os usuários também podem receber certificações e recompensas, como cupons de desconto, após completar atividades.
Segundo Mariotto, os conteúdos são personalizados de acordo com as necessidades de cada empresa. É possível inclusive capturar dados e informações de equipamentos usados no campo. E ainda mais apontar as falhas que estão acontecendo na lavoura ou no uso da ferramenta.
“Imagine que existe um aplicativo que ajuda a medir a umidade do solo, por exemplo. Mas o operador não está usando todo o potencial da tecnologia. A nossa plataforma vai detectar isso, indicar para ele a necessidade de usar a detecção da umidade do solo. E além disso, mostrar a importância daquela ferramenta que ele não está usando”, explica a fundadora.