Vale a pena ou é uma roubada?
“Achei um aplicativo com nome curioso: Pinguim. Em seguida, na plataforma, conheci o empresário recifense Eduardo Alvino, 37. E, assim, ele me apresentou a cidade e também Porto de Galinhas”, declarou Luanna Araújo. A maranhense Luanna, 26, iria fazer um concurso federal em Recife. Seria sua primeira viagem para outra cidade e, claro, estava tensa. “Eu não conhecia ninguém lá”, relembra. Foi quando teve a ideia de pesquisar algum serviço que a ajudasse a encontrar outras pessoas com o mesmo destino.
“Mostrei tudo que eu conhecia para ela, os principais pontos”, conta. Ele mesmo também planeja usar o Pinguim futuramente, mas como o turista e não como o companheiro. “Gosto da facilidade de comunicação e das indicações de lugares”, resume.
Pinguins na vida real não voam, mas o app está decolando. “Acabamos de ser eleitos a melhor travel tech da América Latina. Isso é muito legal, uma startup brasileira, de mulheres, sendo considerada uma das 6 melhores do mundo logo após uma pandemia! Estamos muito orgulhosas!”, comemora Renata Franco, diretora-executiva. A startup também foi escolhida para representar as travel techs (empresas de tecnologia ligadas a serviços de viagens) brasileiras no WebSummit. Ou seja, o maior evento de cultura digital da Europa, que acontece em Lisboa entre 1º e 4 de novembro.
“Tinder do turismo”
À primeira vista, o aplicativo se parece com outros dedicados ao segmento: tem pacotes de viagens, voos e passagens de ônibus. A diferença é que o usuário pode criar uma conta, como por exemplo, o Instagram. Desse modo, pode informar aos outros quais seus destinos, mesmo que seja uma viagem já agendada ou apenas desejada.
O algoritmo ajuda a encontrar pessoas que já moram ou também estão indo para lá. A ideia chamou a atenção da advogada Veve Dias, 32, de Niterói (RJ). “Baixei e coloquei meu destino: Fernando de Noronha”, relembra. “Achei todos os tipos de viajantes lá, desde os que vão sem limites para gastar até os que gostam de um ‘perrengue chique’, como eu. E todos bem-dispostos a passar dicas e compartilhar a experiência”. A companheira escolhida foi Milena Santos, de São Paulo. “Eu já estava indo com uma amiga. A Mi foi um dia depois. A gente já tinha trocado WhatsApp e assim que ela chegou, nos encontrou na praia. Depois disso, em todo rolê nós estávamos juntas.”
Usuários ajudam a explicar o sucesso do aplicativo
Nossa conexão dura até hoje. “Em breve estou indo para a casa dela! Amizade de milhões!”, brinca. A relação com o app também está rendendo. “Agora sempre que vou a algum lugar, coloco lá. Eu já ia encontrar uns pinguins (como são chamados os usuários) no Rock in Rio. Mas infelizmente, por conta do trabalho, não pude ir. Porém passei dicas da cidade!” Usuários recorrentes ajudam a explicar o sucesso do aplicativo. Como por exemplo a publicitária Larissa Miranda, 26, de Salvador, que já conheceu “pelo menos umas cinco pessoas” em várias cidades.
Antes de fechar as parcerias, ela recomenda checar as redes sociais dos candidatos. “Assim a gente conhece melhor um ao outro, tem uma certa segurança para se encontrar e também facilita comunicação”. “Algumas experiências foram bem legais. Como por exemplo, ter acesso a um local totalmente restrito da cidade, por ser o local de trabalho de um dos ‘pinguins’. Já fiz passeio que normalmente não faria. Mas, pela empolgação e influência de um deles, acabou sendo incrível”.