Consequências da ascensão dos streamings: alguns usuários acreditam que a ampla disponibilidade de serviços pode gerar o efeito contrário e promover a volta da pirataria
No final de junho, o Brasil ganhou mais um serviço de streaming, o HBO Max. Continuando a ascensão dos streamings. A plataforma passou a integrar a longa lista de serviços do segmento disponíveis no país, que inclui outras grandes empresas como Netflix, Amazon Prime Video e Globoplay.
Com a chegada da pandemia e com uma ampla variedade de opções, o mercado do entretenimento tem se expandido no Brasil. É o que indica uma pesquisa realizada pela KPMG em 2021 com mil brasileiros.
O estudo revela que 86% dos entrevistados acessam algum tipo de streaming, sendo que 47% aceitariam assinar mais de uma plataforma, dependendo do custo. Além disso, 78% aceitariam pagar algo a mais para obterem conteúdo extra, principalmente filmes recém-lançados (58%).
Foi o que aconteceu com o lançamento do filme Cruella, no Disney+. A empresa disponibilizou o live action que foi disponibilizado por R$ 69,90, além, é claro, do valor da assinatura. Apesar da boa recepção do filme pelo público e pela crítica, muitas pessoas questionaram o valor adicional.
O curitibano Rafael Bellardo, de 26 anos, assina a cinco streamings e afirma que não troca os serviços. “Antes disso era complicado, porque assinávamos TV a cabo, ficando a mercê do horário escolhido pelo canal para assistir a um filme ou série. Em alguns casos, baixávamos ilegalmente”, diz. Para ele, o principal benefício é a praticidade de ter uma infinidade de conteúdos disponíveis a qualquer momento.
Por outro lado, alguns usuários acreditam que a ampla disponibilidade de serviços pode gerar o efeito contrário e promover a volta da pirataria.
A Volta da Pirataria
Especialista em Propriedade Intelectual e Direito Digital, Márcio Costa, explica que à medida em que os serviços de streaming crescem, as plataformas ilegais acompanham o ritmo.
Segundo ele, a tendência é aumentar, já que é um mercado altamente valioso para os criminosos. “Os piratas não investem em infraestruturas de transmissão, que são investimentos altíssimos, não pagam por aquisição legal de conteúdos e, principalmente, não recolhem impostos”, explica.
Para se ter noção, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), a pirataria na área de TV por assinatura causa mais de R$ 15 bilhões de prejuízo ao setor, e mais de R$ 2 bilhões em perda de impostos.
Em contrapartida, o diretor na América Latina da Gracenote, Sundeep Jinsi, afirma que ainda é cedo para dizer se a ascensão dos streamings deve gerar mais pirataria, mas não descarta que esse aumento pode ter efeito reverso.
“A oferta de conteúdo está sendo cada vez mais fragmentada. Ou seja, será necessário contratar vários serviços para poder ter acesso ao conteúdo de seu interesse. Assim, a conta mensal aumenta e a tendência é de aparecerem soluções ‘não convencionais’ para as pessoas que não estão dispostas a pagar por três ou mais plataformas”, explica.
Fonte: TecMundo