Tratamento com CAR-T Cell, aplicada no Brasil, fez o câncer entrar em remissão em um homem que vinha lutando contra a doença há 13 anos
Paulo Peregrino é um publicitário de 61 anos e foi uma das primeiras pessoas no país a passar pelo tratamento com CAR-T Cell, uma terapia inovadora desenvolvida pela farmacêutica suíça Novartis. Essa tecnologia modifica células de defesa do corpo do paciente e faz com que elas matem o tumor sem afetar as células saudáveis. A remissão do câncer aconteceu em apenas 1 mês. Outra notícia boa: a terapia foi feita na rede pública, pelo SUS.
Gratuito e revolucionário
O tratamento aconteceu no Sistema Único de Saúde e faz parte de um protocolo da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.
No Brasil, dos 14 pacientes que foram submetidos à tecnologia na rede pública, todos apresentaram remissão de ao menos 60% dos tumores que tinham. O tratamento envolve a coleta das células T (células com funções imunológicas) do paciente, que congeladas e enviadas para o laboratório da Novartis nos Estados Unidos.
Lá, elas modificadas geneticamente, multiplicadas e passam por uma espécie de “treinamento”, tornando essas células muito agressivas contra o câncer. Depois, essas mesmas células agora treinadas, os médicos as inserem no corpo do paciente, pois possuem uma alta efetividade em encontrar e matar o tumor.
Tratamento de alto custo
Portanto, o SUS espera tratar mais 75 pacientes no segundo semestre de 2023. O tratamento é de alto custo, mas o Brasil tem conseguido introduzir a tecnologia via rede pública, felizmente, para que todos tenham acesso.
Virada em um mês
Paulo estava próximo de receber cuidados paliativos depois de 13 anos lutando contra a doença, quando foi submetido ao tratamento no Centro de Terapia Celular (USP).
Uma tomografia feita por Paulo antes e depois do tratamento, mostram como o uso da CAR-T Cell fez toda diferença no processo de remissão que o homem sofreu.
Remissão ou cura
Ainda que a remissão da doença seja algo a se comemorar muito, ainda não podemos chamar de cura. Mas a médica acrescentou que ainda que o paciente não tenha evidências da doença, existe um risco de recorrência.
O CAR-T Cell não pode ser usado para todos os tipos de cânceres, apenas a leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B. Assim como o mieloma múltiplo, que atinge diretamente a medula óssea. Essa última ainda não está disponível no Brasil.