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Estima-se que o bruxismo afete cerca de 4% das pessoas expostas a eventos violentos ou acidentais, como ameaça de morte

Bruxismo é recorrente em pessoas que sofrem de estresse pós-traumático

Estima-se que o bruxismo afete cerca de 4% das pessoas expostas a eventos violentos ou acidentais, como ameaça de morte, balas perdidas e desastres naturais 

De acordo com estudo publicado na revista Clinical Oral Investigations, pessoas que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático, frequentemente, relatam hábito conhecido como bruxismo de vigília. O trabalho incluiu o exame clínico de aproximadamente 80 pacientes. Entre casos e controles, chama a atenção para a importância de dentistas e psiquiatras trabalharem em conjunto no diagnóstico. 

Conceito cunhado nos EUA, a partir do comportamento exibido por veteranos de guerra, o transtorno de estresse pós-traumático passou a abarcar vítimas de violência urbana. Estima-se que essa condição afete cerca de 4% das pessoas expostas a eventos violentos ou acidentais, como combate, tortura, ameaça de morte, balas perdidas, desastres naturais, lesões graves, violência física ou sexual e sequestros-relâmpagos. 

Entre esses sintomas estão a lembrança angustiante, involuntária e recorrente do evento, estado emocional negativo, comportamento autodestrutivo, alterações no padrão de sono e reação dissociativa entre outros. Poucos trabalhos, no entanto, estudaram a relação do estresse pós-traumático com a dor orofacial e o bruxismo. Este se define como a atividade repetitiva do músculo da mastigação. Sua prevalência na população geral varia entre 8% e 30%. 

Neste estudo apoiado pela Fapesp, pacientes diagnosticados com o transtorno no Ambulatório de Trauma do Instituto de Psiquiatria da FM-USP foram encaminhados a um exame clínico que tinha como objetivo analisar sua saúde oral. 

De acordo com os pesquisadores, além do bruxismo autorrelatado, pacientes também apresentaram uma diminuição do limiar de dor após o exame clínico. 

Tratamento multidisciplinar 

De acordo com os pesquisadores, atualmente, o bruxismo não é mais considerado um sintoma isolado, mas evidência de um problema maior. 

Para isso, a pesquisadora recomenda que durante o exame clínico, o dentista fique atento ao relato de dor dos pacientes. Sendo assim, considere a possibilidade de estar frente a uma pessoa com problemas psiquiátricos ainda não diagnosticados. 

Os psiquiatras, por sua vez, podem questionar pacientes com estresse pós-traumático sobre sintomas bucais, como bruxismo, dor muscular e da articulação temporomandibular (ATM). Em caso positivo, devem encaminhá-lo ao dentista para que o tratamento multidisciplinar realizado e sua qualidade de vida melhore.