Rondonópolis revogou a Certidão de Uso e Ocupação do Solo da empresa Rumo Logística que quer o traçado da ferrovia a 40 metros da cidade
A revogação da certidão foi assinada na tarde desta terça-feira (14) pelo prefeito José Carlos do Pátio, na presença do presidente da Câmara de Vereadores, Júnior Mendonça, vários vereadores, do diretor-presidente do Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis (Sanear), Paulo José Correia, de secretários e de lideranças comunitárias que desejam que a construção dos trilhos sejam feitas longe das casas das suas famílias. O documento deve ser judicializado imediatamente pela Procuradoria do Município.
Na prática, sem a certidão a empresa precisa parar a construção dos trilhos que ligam o maior terminal intermodal da América Latina à Cuiabá, capital do estado. O medo de quem mora nas proximidades dos trilhos, é que com os trens passando tão perto das casas, crianças e jovens devem ir até ver o movimento dos trens e corram perigo de acidente e de morte.
Além disso, contam contra o novo traçado, possíveis descarrilhamentos e problemas com vagões, como explosão. Já que a empresa transporta combustíveis, além de levar direto para os portos do Sul e Sudeste boa parte da produção de grãos de todo Mato Grosso.
Rondonópolis
A prefeitura de Rondonópolis alega descaso por parte da empresa que apresentou outro traçado, quando da solicitação de uso e ocupação de solo. E, portanto, não apresentou até o momento as licenças referente ao novo traçado, nem o estudo de impacto de vizinhança. O que inclui os possíveis danos aos imóveis e modificações no modo de vida dos moradores de pelo menos dois bairros. Isto é, o Maria Amélia e Rosa Bororo, e duas comunidades, Gleba Rio Vermelho e Boa Vista.
Nestas localidades, o traçado passaria bem próximo as residências. O prefeito José Carlos do Pátio lamenta a decisão da empresa de não conversar com os poderes constituídos para definir os trilhos.
De acordo com o prefeito, o município está comprando uma área ao lado do Maria Amélia para construir mais um bairro e assentar mais famílias. O que deve aumentar ainda mais o perigo dos trilhos do trem próximo às moradias. Esta é outra preocupação da prefeitura que fez um estudo de impacto da vizinhança. Assim, apontou que as casas construídas próximas ao trilho não aguentam a trepidação causada pela passagem do trem que abalaria a estrutura dos imóveis. Vale ressaltar que a comunidade é de baixa renda formada na sua maioria por mães sozinhas e seus filhos. Somente neste bairro, moram cerca de 400 crianças.
A suspensão do documento que pode paralisar a construção dos trilhos, conta com o apoio da Câmara de Vereadores, cujo presidente, Júnior Mendonça, cogita inclusive mudar a lei de zoneamento para ampliar a parte urbana. Para que os trilhos fiquem bem além dos 40 metros propostos atualmente pela empresa.
O presidente do bairro Maria Amélia, Michael Pereira, que é ex-ferroviário, foi contundente ao dizer que o ideal seria que os trilhos ficassem a 40 quilômetros da cidade para não causar transtorno.