Nova patente registrada usa fungos e resíduos de alimentos para iniciar o processo de fermentação do açúcar
O açúcar fermentado não é tão famoso, mas é parte essencial na produção de diversos alimentos que consumimos, como queijos, bebidas e pães. Até o refinado, usado em receitas e para adoçar o café, é fruto de uma fermentação. Esse processo acontece com o auxílio de bactérias e leveduras, mas uma nova patente descobriu uma forma de usar resíduos gerados na produção do feijão e da cerveja para produzi-lo, usando um fungo no lugar.
Açúcar fermentado
- O açúcar fermentado utilizado por bactérias e leveduras como alimento ao produzirem outros alimentos, como os queijos e bebidas. A patente Produção de Coquetel Enzimático Sacarificante e seu Uso mudou a forma como isso acontece.
- No lugar, o projeto cultiva o fungo Aspergillus brasiliensis em palha de feijão, o residual da produção, para obter um coquetel de enzimas que ajudará na sacarificação. Nesse processo, moléculas complexas simplificadas para se tornarem açúcares fermentáveis.
- No entanto, essa sacarificação não de qualquer resíduo e sim o restante do processo de produção da cerveja. Isto é, a cevada tem uma grande quantidade de açúcares que podem ser fermentados.
- Para isso, o amido presente nela (uma molécula complexa) deve ser quebrado usando as enzimas.
Diferencial
Segundo Maria de Lourdes Teixeira de Moraes Polizeli, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), o diferencial é que o fungo produzirá a enzima necessária para alavancar o processo de sacarificação.
Nesta patente, as diferentes enzimas vão degradar as biomassas produzidas pelo Aspergillus brasiliensis. A biomassa, neste caso, foi o bagaço de cevada. O Aspergillus age aqui como uma biofábrica, usando o meio de cultivo suplementado com a palha de feijão para produzir as enzimas necessárias na hidrólise (parte da sacarificação). Ou seja, a produção de açúcares fermentáveis.
Vantagens ao meio ambiente
O novo processo de produção do açúcar fermentado se aplica em diversos setores, desde a produção de etanol até o tratamento de resíduos industriais. A patente vem em um momento, conforme a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que a produção mundial de resíduos industriais atinge 1,3 bilhão de toneladas por ano.
A professora da USP ainda destaca a importância do projeto. De acordo com ela, resíduos poluentes para produzir uma nova matéria-prima, são reaproveitados e criam um produto ecologicamente correto.