De acordo com os cientistas, quando estamos com medo, inúmeras reações químicas ocorrem no organismo e nos preparamos para responder a uma ameaça, através da luta ou da fuga
O mesmo ocorre em outros mamíferos, como os pesquisadores cientistas já tinham observado. Agora, os cientistas da National Yang Ming Chiao Tung University (Taiwan), descobriram um mecanismo cerebral que pode frear o medo em roedores, com possíveis aplicações em humanos.
No estudo recém-publicado na revista Cell Reports, os cientistas identificaram que a intensidade da resposta ao medo está associada a uma região da amígdala cerebral. Esta parte do cérebro é responsável pelo processamento de memórias e por decodificar as emoções.
Ativando ou desativando o medo
No experimento, os roedores inicialmente foram condicionados a associar um som específico a um choque elétrico na patinha (situação que deve gerar um medo limitado, já que não coloca a vida em risco). Após aprenderem a relação, ameaçavam os animais com som, enquanto observavam a atividade cerebral deles.
No cérebro, ativaram um grupo de células na parte central-lateral do complexo amigdaloide. Ali, está parte do que define a resposta ao medo, mas, curiosamente, ela limita a sensação de medo.
Em camundongos geneticamente modificados para “inativar” essas células nervosas, a inibição resultou em camundongos exibindo mais medo do que o esperado ao escutar o sinal sonoro.
“Quando inibem essas células nervosas específicas, os camundongos congelaram por mais tempo”, pontua Wen-Hsien Hou, primeiro autor do estudo, em nota. Esse comportamento reforça uma situação de medo paralisante, sem resposta de fuga ou de luta.
Então, a equipe propõe que as células da amígdala cerebral funcionam como uma espécie de freio para o medo exacerbado. “Essas células agem como freios, evitando reações excessivas ao medo”, reforça Cheng-Chang Lien, outro autor da pesquisa. Isso só aumenta o grau de complexidade do cérebro para que ocorra a sensação de medo.
Novos tratamentos para o medo?
Embora os cérebros dos roedores e dos humanos diferentes, muitos mecanismos de ação são compartilhados. Por isso, a equipe de cientistas aposta que a nova descoberta envolvendo o funcionamento da amígdala cerebral possa ajudar futuramente no desenvolvimento de novos tratamentos.
Em especial, a descoberta poderá ajudar pessoas com ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que costumam ter o mecanismo de medo constantemente ativado. Então, saber desativá-lo poderá melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Sem relação com a pesquisa de Taiwan, cientistas da Universidade de São Paulo (USP), descobriram como bloquear as memórias do medo também em roedores. Dessa maneira, utilizaram estratégias diferentes, ambos estudos ampliam a compreensão sobre esse mecanismo vital para a vida.