Paciência, serenidade, cautela e parcimônia deram o tom da ata futuro da política monetária depende da dinâmica inflacionária, em especial a queda dos juros
Paciência, serenidade, cautela e parcimônia foram as palavras que deram o tom na ata da última reunião do Copom e do Banco Central sobre queda dos juros. Mas, segundo o documento, há espaço para um afrouxamento da política monetária já no próximo encontro, marcado para agosto.
Segundo a ata, a avaliação predominante entre os membros do comitê é de que o processo desinflacionário em curso pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
Outro grupo, porém, mostrou-se mais cauteloso. Para esses membros, a dinâmica desinflacionária ainda reflete a desaceleração dos preços de componentes mais voláteis. E que há dúvida sobre o impacto do aperto monetário em curso até agora.
Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas de longo prazo. E acumular mais evidências de desinflação em componentes mais sensíveis a impactos sazonais.
A ata afirma, ainda, que o atual estágio do processo desinflacionário tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas. O que demanda “cautela e parcimônia”.
O Comitê reforça, também, que irá manter a atual condução da política monetária até que se consolide. Não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno das metas.
Crescimento econômico
Nos dias 20 e 21, houve um debate entre os membros do comitê sobre a resiliência da atividade econômica no primeiro trimestre. A visão geral, no entanto, segue de que o crescimento foi puxado pelo setor agropecuário. Assim, os demais setores devem apresentar crescimento modesto ao longo do ano.
O Comitê avalia, também, que decisões que reancorem as expectativas podem levar a uma desinflação mais célere. As projeções de inflação do Copom se reduziram, especialmente, no horizonte relevante, em boa medida como função da redução das expectativas de inflação.
Conjuntura
Para os membros do Copom, apesar da redução das incertezas envolvendo os sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa do limitado contágio sobre as condições financeiras até o momento, o ambiente externo se mantém adverso.
Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente.
Em diversos países, as leituras de inflação recentes apontam para alguma estabilização dos núcleos de inflação em patamares superiores às suas metas e reforçam o caráter persistente do atual processo inflacionário.
Além disso, no período recente, notou-se a retomada do ciclo de elevação de juros em algumas economias e a sinalização majoritária de um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias, o que demanda maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes.
Decisão
Na quarta-feira (21), o Copom do Banco Central do Brasil BC decidiu por manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, conforme expectativa do mercado. Assim, o patamar de juros no país está no maior nível desde dezembro de 2016.
A manutenção do patamar ocorre em meio a pressões de governos, empresários e entidades representantes dos setores produtivos para que se inicie o ciclo de fim do aperto monetário.
Grande parte do mercado acreditava que o BC deveria começar a cortar os juros a partir de seu próximo encontro, no início de agosto. Contudo, no comunicado, o Copom volta a citar “paciência e serenidade” com a condução da política monetária em relação à inflação.
Contudo, mais do que a decisão em si, a expectativa maior era pelo comunicado que o Copom divulga contextualizando sua decisão. Esperava-se que o texto indicasse o início do ciclo de afrouxo monetário, ou, o início de cortes na taxa.
O Comitê voltou a citar “paciência e serenidade” com a condução da política monetária em relação à inflação.
Fonte: Agência Brasil