Todo o regolito da Lua é composto por cerca de 45% de oxigênio
Os primeiros dez metros de profundidade da superfície da lua poderiam fornecer oxigênio suficiente para sustentar todas as 8 bilhões de pessoas na Terra por um período de 100 mil anos.
É o que avalia o pesquisador e professor em Ciência do Solo da Universidade de Nova Gales do Sul, Austrália, John Grant. Ao analisar, contudo, as informações de estudos realizados ao longo de anos sobre a composição da superfície da Lua.
Segundo Grant, a Lua tem uma atmosfera fina, composta principalmente de hidrogênio, néon e argônio, o que não ajudaria os humanos. Porém, dentro dessa superfície que se compõe por rocha e poeira: o regolito, há uma porção imensa de oxigênio disponível para se extrair.
Todo o regolito da Lua é composto de aproximadamente 45% de oxigênio. Mas toda essa quantidade de substância que pode ser respirada por pulmões humanos está fortemente ligada a minerais como sílica, alumínio e óxidos de ferro e magnésio.
Para soltar todo esse oxigênio seria necessário empregar bastante força.
A eletrólise transforma energia elétrica em energia química
Grant, diz que a eletrólise, processo que, de maneira simplificada, transforma energia elétrica em energia química, poderia realizar essa transformação. E ainda mais, desprender o oxigênio do meio das rochas lunares.
“Esse processo”, explica Grant em um artigo no site The Conversation, “é útil geralmente na indústria para produzir alumínio, por exemplo. Passa-se a corrente elétrica através de uma forma líquida de óxido de alumínio (comumente chamada de alumina). Por meio de eletrodos, para separar o alumínio do oxigênio.”
Se o processo acontecesse nas rochas lunares ele poderia gerar como elemento principal o oxigênio, bem como as demais substâncias como elemento secundário. Na Terra, o processo é inverso, como o oxigênio aqui é abundante, se extrai ele como conteúdo secundário através da eletrólise.
Uma startup belga planeja levar essa tecnologia à Lua até 2025
Porém, nem tudo é boa notícia. O processo requer muita energia e precisaria utilizar fontes sustentáveis disponíveis na Lua. “A extração de oxigênio do regolito também exigiria equipamentos industriais substanciais. Precisaríamos primeiro converter o óxido de metal sólido na forma líquida, aplicando calor ou combinando-o com solventes ou eletrólitos”, explica o pesquisador.
A humanidade já tem tecnologia para fazer isso na Terra. E poderia ser útil na Lua, o problema é mover o equipamento para a lá. Além disso, de gerar energia suficiente para operá-lo”, disse o professor especializado na distribuição gratuita de conteúdo acadêmico.
Uma startup belga chamada Space Applications Services anunciou que estava construindo três reatores para melhorar o processo de produção de oxigênio por eletrólise. E planejava levar a tecnologia à Lua até 2025 com a ajuda da Agência Espacial Europeia (ESA).