Pantaneira recebe homenagem em documentário sobre produção de farinha de mandioca, cujo filme foi feito com recursos do edital Conexão Mestres da Cultura, da Secel
A farinha de mandioca é um alimento comum entre as refeições dos mato-grossenses, não à toa, uma das comidas tradicionais mais amadas por aqui é a famosa farofa de banana e, por isso, contar um pouco da história de dona Nequinha, a pantaneira Ana de Queiroz Pereira, de 85 anos, inspirou o documentário “Farinhas Festas e Memórias”, projeto aprovado pelo Edital Conexão Mestres da Cultura, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), por meio da Lei Aldir Blanc.
Gravado no distrito de Acorizal, do município de Barão de Melgaço, o documentário foi lançado nesta terça-feira (15). Aliás, já está disponível no canal do YouTube da Iaiá Afroprodutora, além de uma galeria de fotos que pode ter acesso por AQUI.
O filme traz o cotidiano de dona Nequinha com a família, memórias de infância e a religiosidade. Assim como o processo artesanal e comunitário para se fazer a farinha de mandioca e derivados como polvilho; beiju (tapioca); bolo mané pelado e ração animal.
Com participação de familiares, o filme também aborda a mudança no modo de produção, que, mesmo ainda sendo artesanal; se tornou mais fácil com o decorrer dos anos pelo uso de instrumentos como o ralador elétrico.
“Hoje tá fácil fazer farinha, você não imagina a dificuldade que ela tinha antes. Abria aquelas latas grandes de 18 litros, furava com pregos, formava um orifício que era um ralador, punha na madeira e era no muque”, relata o filho de dona Ana, Leopoldino Pereira.
Comunidade de Acorizal
De acordo com diretora do filme e proponente do projeto, Jackeline Silva, o objetivo do documentário é registrar os saberes, as expressões, as técnicas e modos de fazer dos povos tradicionais.
“A farinha de mandioca representa muito mais do que o ganho financeiro. As etapas da produção de farinha constituem elemento agregador, porque dona Ana, a sua família e comunidade estão envolvidas promovendo interação e trocas coletivas”.
Ela conta que a ideia do filme surgiu em 2012, quando então esteve na comunidade de Acorizal para participar da Festa de Nossa Senhora Imaculada Conceição. Assim, viu o trabalho da família e o envolvimento da comunidade para produzir a alimentação para a festividade tradicional.
Em 2021, a viabilização do projeto se deu por meio do Edital da Secel, e ela pôde reencontrar dona Ana e os seus familiares. “Ela é mãe, avó e bisavó, agricultora familiar, católica, já foi redeira e gostava muito de usar o tear. Atualmente, com apoio do filho Leopoldino, a dona Nequinha produz farinha de mandioca e doce leite, que comercializados estão contribuindo financeiramente para o sustento da casa”.
Fonte: Governo de MT