Movimento que prega superioridade masculina começou nos EUA
O que é machosfera? De comentários “inofensivos” a violências verbais, físicas e psicológicas, escancaradas ou sutis. O machismo se apresenta de formas diferentes a mulheres do Brasil e do mundo. Na internet, existe até um grupo de homens que se unem com o objetivo comum de propagar a misoginia. Ou seja, o discurso de ódio e repulsa ao sexo feminino: a “machosfera“.
O movimento começou nos Estados Unidos para combater o crescimento do feminismo no início dos anos 1980. Com a chegada da internet, esses homens passaram a atuar de forma anônima, em locais escondidos da web. Mas, hoje, estão disseminados nas redes sociais mais conhecidas, com falas machistas ligadas à superioridade masculina.
“Eles entendem que o ser masculino deve dominar as mulheres. É o movimento onde os homens acham que todas as mulheres são aproveitadoras e se beneficiam do seu status de ser mulher. Então eles querem vulnerabilizar essas mulheres e as consequências desses comportamentos vão reverberar na qualidade de vida delas”, diz a psicóloga Andrea Chaves.
Segundo Andrea, que é membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio (ABEPS), mulheres que entram em relações com homens que têm esse tipo de atitude acabam ingerindo mais bebidas alcoólicas. Assim, desenvolvem sintomas depressivos, de ansiedade ou transtornos alimentares.
“Porque elas são diminuídas nas suas necessidades básicas, que é se sentirem amadas e aceitas. Fora todas as questões relacionadas à autoestima e à preservação da sua identidade”, explica.
O que fazer?
Para ajudar as mulheres a se prevenirem de comportamentos agressivos de homens, seja dentro ou fora de relações, a psicóloga Andrea Chaves dá algumas dicas:
- Desenvolva relações seguras, onde o princípio da comunicação não violenta e as habilidades conversacionais sejam a base do relacionamento;
- Esteja atenta aos sinais: um parceiro não deve ignorar a sua força, o seu valor, nem se comunicar de forma a te deixar insegura;
- Busque uma rede de apoio: tenha pessoas confiáveis por perto e procure ajuda especializada se for necessário;
- Denuncie qualquer tipo de violência.
Caso recente
Um caso recente de agressividade de um homem da “machosfera” envolveu Thiago Schutz, que se apresenta como “coach da masculinidade”. Duas mulheres foram ameaçadas após ironizar o comportamento do influencer.
Sendo assim, Schutz usa suas redes sociais e dá até curso online sobre a filosofia dos red pills. Onde homens acreditam que são superiores às mulheres e que o feminismo deve ser combatido, pois estaria oprimindo a classe masculina.
A atriz e roteirista Lívia La Gatto, entretanto, fez uma paródia em sua rede social, sem citar nomes. Desse modo, a resposta de Schutz veio de forma violenta. “Você tem 24 horas pra retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, processo ou bala. Você escolhe”, escreveu.
Enfim, no mesmo dia em que a Lívia recebeu a ameaça, Bruna Volpi, que é influencer e feminista, também passou pela mesma situação com Schutz. As duas mulheres denunciaram o influencer para a polícia.