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As Agojie, ou as Amazonas de Daomé, eram um exército real, como mostrado no filme A Mulher Rei

O exército de mulheres de “A Mulher Rei” realmente existiu

O exército feminino de Agojie, mostrado em A Mulher Rei, tem uma história real

O novo filme A Mulher Rei (The Woman King, 2022), estrelado por Viola Davis, mostra uma líder guerreira do exército feminino de Agojie (também chamado Ahosi, Mino ou Minon), que fazia parte do reino de Daomé, na África Ocidental. Ainda que a personagem interpretada por Viola seja ficcional, o exército realmente existiu e era composto por 6 mil guerreiras.

As chamadas “Amazonas de Daomé” estabeleceram o poderio de seu reino contra regiões vizinhas. E o filme, dirigido por Gina Prince-Bythewood, procura fazer jus à história dessas mulheres guerreiras que dominaram parte da África na década de 1840.

O filme começa em 1823, após um ataque bem sucedido das Agojie, libertando escravos que estavam nas mãos do Império Oyo em uma região localizada no sudoeste da Nigéria. Embora o povo de Daomé seja submisso a Oyo, nesta época estava havendo um princípio de rebelião coordenada pelo rei Ghezo (John Boyega) e a general Nanisca (Viola Davis). Ambos desprezam o comércio de pessoas escravizadas.

Ghezo, de fato, existiu e libertou Daomé em 1833. Contudo, há algumas imprecisões no que é retratado pelo filme, uma vez que o reino de Daomé teve um papel central do tráfico de escravos, vendendo seus cativos para comerciantes europeus.

Na verdade, o rei Guezo só concordou em retirar Daomé do tráfico de escravos em 1852, por conta da pressão feita pelo governo britânico em cima de suas colônias. A partir de então, o reino passou a focar na produção de óleo de palma, que era bem menos lucrativo. Por isso, o rei retomou logo em seguida o comércio de escravizados.

Quem eram as Agojie

As guerreiras Agojie eram, inicialmente, as esposas do rei. Entretanto, com o tempo, mulheres comuns da sociedade foram se voluntariando para participar deste exército. Era um grupo de mulheres caçadoras de elefantes que logo se tornou parte da guarda do exército.

Por causa das guerras em curso, Daomé perdeu muitos homens e as mulheres começaram a substituí-los cada vez mais no campo de batalha. Outra característica interessante para a época é que este exército usava uniforme, o que significava que ele queria ser reconhecido publicamente e temido pelos povos vizinhos.

Os historiadores dizem que as Agojie, por mais que tenham sido símbolo de força e poder, também eram cúmplices de um sistema problemático. Afinal, elas estavam dentro de um sistema patriarcal e ligadas ao comércio de pessoas escravizadas.