Premiações do Festival de Berlim tiveram as mulheres em destaque
O filme espanhol “Alcarràs”, da cineasta Carla Simón, ganhou o Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim nesta quarta-feira (16), enquanto o mexicano “Manto de Gemas” levou o Prêmio do Júri, em uma edição com clara predominância feminina.
“Alcarrás” foi rodado com atores amadores, todos agricultores da região onde a história se passa, na província de Lérida. Esta é a segunda vez que Simón, de 35 anos, ganha um prêmio na Berlinale. Filmado em plena temporada de colheita de frutas em Alcarràs, uma cidade catalã, o filme narra então a história dos Solé, que se ocupam há três gerações das terras de uma família abastada, os Pinyol.
O herdeiro dos Pinyol quer arrancar os pessegueiros para instalar painéis solares, o que deixa os Solé, e em especial o patriarca da família, Quimet, diante do dilema de se adaptar ou ir embora.
“Acho que já me considero filha deste lugar. Talvez devesse vir morar aqui porque cada vez que venho, algo maravilhoso acontece”, disse, emocionada, Simón ao receber o prêmio.
“Gostaria de dedicar este prêmio às pequenas famílias de agricultores que cultivam a terra a cada dia; para que esta comida chegue ao nosso prato”, declarou a diretora catalã.
A 72ª Berlinale, que este ano voltou ao presencial após uma edição on-line no ano passado, teve o domínio das mulheres. O mexicano “Manto de gemas”, primeiro longa-metragem de Natalia López Gallardo, levou o Prêmio do Júri. O prêmio à melhor direção ficou com a francesa Claire Denis por “Avec amour et acharnement”.
O único homem a receber um dos principais prêmios, o Grande Prêmio do Júri, foi o sul-coreano Hong Sangsoo por “So-Seol-Ga-Ui Yeong-Hwa”. Nos últimos três grandes festivais de cinema europeus, Cannes, Veneza e Berlim, as mulheres dominaram os prêmios de melhor direção.