Condição que atinge até 6,6% da população mundial
Mas, afinal, o que é a fibromialgia e por que Gaga teve de cancelar o show por causa disso? “Brazil, I’m devastated” (“Brasil, estou devastada”), assim começa a frase escolhida por Lady Gaga para comunicar aos fãs brasileiros o cancelamento de seu show no Rock in Rio, em setembro de 2017, por causa da fibromialgia. O comunicado foi feito pelo Twitter pouco depois da cantora compartilhar com os fãs que sofre dessa síndrome.
A fibromialgia é uma síndrome que causa dores intensas e crônicas no corpo inteiro, principalmente nos músculos. Outros sintomas da condição podem ser extrema fadiga, ansiedade e falta de atenção. Além de esquecimentos e sono não restaurador, aquele no qual a pessoa não se sente descansada, mesmo após uma noite inteira dormindo.
Como explica o reumatologista José Eduardo Martinez, membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia, todos nós sentimos dor de forma diferente. Enquanto um beliscão pode doer muito em uma pessoa, pode não incomodar tanto em outra, por exemplo.
Já quem tem fibromialgia sofre uma desregulação nesse “sistema”, o que torna a pessoa mais sensível e faz com que tudo seja mais doloroso. “Existem pacientes em que apenas o toque dói”, relata Martinez, em entrevista.
Origem da fibromialgia
As causas exatas da fibromialgia são desconhecidas. Mas acredita-se que a condição esteja relacionada a níveis anormais de certas substâncias químicas no cérebro. Os especialistas acreditam que o sistema nervoso central (cérebro, medula espinhal e nervos) de quem tem essa síndrome, processa a sensação dolorosa de maneira diferente.
“Algumas pessoas têm uma predisposição genética para desenvolver fibromialgia. Mas este não é um fator determinante”, pontua o médico. O problema pode ser consequência de infecções, por exemplo. Ou ainda, de questões emocionais, como estresse, traumas e depressão. “Em certas pessoas, episódios de dor intensa desencadeiam uma alteração permanente no sistema nervoso”, relata Martinez.
Segundo um estudo publicado pela Revista Brasileira de Reumatologia em 2016, entre 0,2% e 6,6% da população mundial sofre com fibromialgia.
De acordo com o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido, mulheres têm sete vezes mais risco de desenvolver a síndrome do que os homens. O mais comum é que ela apareça entre os 30 e 50 anos, mas pode dar as caras em pessoas de qualquer idade.
Diagnóstico
Como cada um sente dor de um jeito, detectar essa condição muitas vezes não é tarefa fácil. O médico reumatologista faz o diagnóstico a partir de uma análise clínica dos sintomas. Principalmente, o período em que a pessoa vem sentindo dores e em quais parte do corpo se concentra o incômodo.
Tratamento
A atividade física, aeróbica ou não, é uma das principais formas de tratar quem tem fibromialgia. Isso porque, ao se exercitar, o organismo libera substâncias que funcionam como analgésicos naturais, a exemplo das endorfinas. Esse mecanismo ainda contribui para melhorar a qualidade do sono de quem tem a síndrome. Fora isso, o médico também pode prescrever medicamentos específicos para dor e outros sintomas. Mas lembre-se: como cada caso é um caso, a orientação de um especialista é essencial.