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O Filme “Aliados”, o diretor se vale das inúmeras possibilidades da fotografia e às perspectivas claustrofóbicas deixando-nos paralisados

Filme com Marion Cotillard te manterá paralisado na ponta do sofá

Destaque, mais uma vez, para o trabalho de Marion Cotillard

O Filme“Aliados”, o diretor se vale das inúmeras possibilidades da fotografia de Don Burgess, e mais luminosos, voltando aos tons sombrios e às perspectivas claustrofóbicas deixando paralisado o expectador.

Amor em tempos extremos é um assunto para a qual o cinema sempre olhou com atenção. “Casablanca” (1942), o clássico dirigido por Michael Curtiz (1886-1962), decerto é a produção que primeiro adicionou a uma narrativa que se desenrola ao longo de um conflito armado, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a exata medida de romance e drama — sem contar “…E o Vento Levou” (1939).

Trabalho primoroso, mais um para a conta de Robert Zemeckis

O caso é que o dinamismo acelerado da vida contemporânea, não nos permite apreciar essas histórias, caudalosas, plenas de minúcias, com a dedicação que elas merecem.

Por essas e outras é que a releitura esporádica desse argumento, cai como um bálsamo para gente de uma era tão movimentada e, ao mesmo tempo, tão vazia, em que quase tudo é pensado para ser consumido, evitando-se o que provoca reflexões que podem se mostrar um tanto incômodas.

Trabalho primoroso, mais um para a conta de Robert Zemeckis, o filme rende uma justa homenagem ao gênero, primeira incursão do diretor no tema. Mas, sem que se note no roteiro de Steven Knight, o sabor rançoso do pastiche, o que já é um achado em produções tão conceitualmente herméticas .

Não obstante estejam presentes traços bem-marcados de tramas como a de “Bastardos Inglórios” (2009), o épico nonsense (e delicioso) de Quentin Tarantino.

Em 1942, mesmo ano em que se passa “Casablanca”, o oficial de inteligência canadense Max Vatan, vivido por Pitt, descerra o filme, descendo de paraquedas num plano-sequência de tirar o fôlego.

Vatan aterrissa no deserto do Protetorado Francês em Marrocos, no norte da África, com destino a Casablanca onde, com a ajuda de Marianne Beausejou. A espiã de Cotillard que combate os nazistas pela Resistência Francesa, deve executar o Embaixador alemão lotado em território marroquino.

Os dois se passam por marido e mulher, mas mesmo assim fomentam a desconfiança de um oficial no café que frequentam regularmente, a fim de tornar a farsa verossímil.

“Aliados” (2016) preza pelo comedimento

O plano só não faz água porque Vatan o persegue e o que vem depois dá o tom da tensão que irá permear a vida dos dois até o desfecho.

A ação se adianta em um ano, Vatan e Beausejour, por evidente, se apaixonaram e se casaram, fixando residência em Londres. Coincidências funestas começam a inviabilizar a atuação dos espiões contra o crescente domínio de Hitler sobre toda a Europa.

Como Beausejour tem um passado nebuloso, o alto comando dos Aliados, que se dedicam a minar a força do Eixo a partir da Inglaterra, suspeita que ela seja uma agende dupla. Assim, desconfiam que ela repasse as informações adquiridas no convívio com o marido.

O filme deixa o expectador paralisado

Robert Zemeckis é dos raros cineastas capazes de dobrar a técnica de modo que trabalhe a favor da plasticidade do que se assiste em cena. Assim, tornou sua marca registrada.

Em “Aliados”, o diretor se vale das inúmeras possibilidades da fotografia de Don Burgess. Desse modo, assinala os trechos em que a história poderá apontar para um curso sereno. Todavia, quando os enquadramentos tornam-se mais amplos e mais luminosos, Zemeckis é igualmente preciso na direção de atores e aproveita tudo o que seu elenco tem a oferecer. Mas destacando-se, mais uma vez, o trabalho de Marion Cotillard.

A soma de todas essas variáveis redunda numa equação em que o tributo a um dos gêneros mais nobres do cinema resta autêntico. Mas o que é fundamental quanto a se alongar o alcance de sua produção.

Filme: Aliados
Direção: Robert Zemeckis
Ano: 2016
Gêneros: Guerra/Drama/Romance
Nota: 9/10

Fonte: Revista Bula