O longa vai te deixar sem fôlego do início ao fim
Noomi Rapace a protagonista de “Conspiração Terrorista” (2017), dá a impressão de estar meio perdida. Justamente num momento de balanço de tudo quanto pôde amealhar ao longo da carreira como agente secreta. Sobretudo, em oposição ao muito que já perdeu e continua perdendo. O diretor Michael Apted expõe, contudo, a alma dessa mulher atormentada, sem muito estímulo para se permitir levar pelas supostas boas intenções de ninguém. Ao passo que se decide por abandonar o serviço burocrático e tornar as suas funções na espionagem internacional. Como se assim recuperasse também uma parte vital de si mesma.
Bom desempenho de Rapace
Noomi Rapace faz de sua Alice Racine, um Ethan Hunt de batom. O desempenho de Rapace, tal como o de Tom Cruise na franquia “Missão: Impossível”, é especialmente bom nessas histórias. Pois demandam, além de uma interpretação que se alterna entre persuasivo e irretocável, um condicionamento físico que deixa de língua de fora gente muito mais jovem.
A disposição é para cascavilhar em si mesma elementos que lhe deem base para se aprofundar num personagem pleno de nuanças. Como fizera sete vezes num mesmo trabalho, caso de “Onde Está Segunda?” (2017), dirigido por Tommy Wirkola, é outra das marcas da presença da atriz na tela.
Em “Conspiração Terrorista” não é diferente. Rapace consegue exprimir as frustrações de sua anti-heroína, se segurando para não entregar os pontos depois de afastada do trabalho de campo. Graças à falha imperdoável que degringolou num ataque terrorista em Paris em 2012. Ao passo que deixa claro, que retomar a carreira, em todos os seus aspectos mais movimentados, é seu grande sonho. Malgrado continue a sofrer com dramas de consciência.
O roteiro de Peter O’Brien expõe um vazio lógico interessante
A guinada vem sob a forma do convite feito por Eric Lasch. O ex-chefe vivido por um Michael Douglas sem brilho. Racine aceita integrar a equipe que averigua a suspeita de um ataque terrorista a Londres, coordenado pelo Estado Islâmico. O roteiro de Peter O’Brien expõe um vazio lógico interessante, que conduz a protagonista ao turbilhão de desencontros que pauta sua tarefa até o desfecho.
John Malkovich e Toni Collette entram na história de tempos de maneira protocolar, na melhor das hipóteses, como respiros dramáticos nada sólidos, tanto pior num filme de andamento incontido, quase frenético, como este.
Mas ninguém consegue ser mais constrangedor que Orlando Bloom, num personagem bizarro e, para ser elegante, inverossímil. Enfim, a moral do filme orbita mesmo em torno da relação que Racine passa a manter com Amjad, de Tosin Cole. Assim, some tão rápido quanto aparece, corroborando a sina de loba solitária de uma mulher sozinha na multidão.
Filme: Conspiração Terrorista
Direção: Michael Apted
Ano: 2017