Decisão formalizada na ONU reacende tensões diplomáticas com Israel, que acusa presidente da França Emmanuel Macron de “recompensar o terror”
“Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina”, escreveu Macron na rede social X (antigo Twitter). “A necessidade urgente hoje que a guerra em Gaza termine e que a população civil resgatada. A paz é possível”, continuou. “Não há alternativa. Os franceses querem paz no Oriente Médio”, completou.
A decisão comunicada após reuniões com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e se insere no contexto do crescente apoio europeu à causa palestina. Nas últimas semanas, Eslovênia, Espanha, Irlanda, Noruega e Armênia também oficializaram o reconhecimento do Estado palestino, em meio à intensificação dos conflitos na Faixa de Gaza.
Netanyahu condena Macron e fala em “plataforma para aniquilar Israel”
Todavia a resposta do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi imediata. Ele acusou Macron de “recompensar o terrorismo” e afirmou que a medida coloca em risco a segurança de Israel. Para ele, o reconhecimento representa “um novo representante iraniano, assim como Gaza se tornou”.
“Condenamos veementemente a decisão do presidente Macron de reconhecer um Estado palestino próximo a Tel Aviv após o massacre de 7 de outubro. Tal medida recompensa o terror”, escreveu Netanyahu.
Aliás, o premiê também voltou a rejeitar a ideia de convivência pacífica entre os dois povos. “Os palestinos não buscam um Estado ao lado de Israel; eles buscam um Estado em vez de Israel”, disse.
Reconhecimento ocorre em meio a impasse por cessar-fogo em Gaza
Embora o gesto francês tenha sido recebido negativamente por Israel, o presidente Emmanuel Macron reiterou a defesa de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, com duas condições: a desmilitarização do Hamas e a libertação dos reféns ainda mantidos no enclave.
As negociações para uma trégua continuam estagnadas. O Hamas respondeu recentemente a uma proposta de cessar-fogo de 60 dias apresentada pelos Estados Unidos, Egito e Catar.
No entanto, os novos termos foram considerados insatisfatórios por Washington, que decidiu retirar seus negociadores de Doha. Na quarta-feira (23), o presidente da Tunísia, Kais Saied, exibiu imagens explícitas de crianças palestinas em situação de fome extrema em Gaza, numa tentativa de pressionar a comunidade internacional por uma solução urgente.