Presidente chinês Xi Jinping se reúne com autoridades europeias; encontro pode ser início de nova etapa entre relações diplomáticas
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ao presidente da China, Xi Jinping, que converse com a Rússia e ajude a pôr fim à guerra na Ucrânia, enquanto os dois realizam a primeira de uma série de reuniões de alto nível em Pequim.
Xi Jinping, por sua vez, afirmou que ambos os países pedem à comunidade internacional que evite uma escalada na crise na Ucrânia. A Europa é um polo independente em um mundo multipolar, e a China apoia sua autonomia estratégica, destacou.
O líder chinês também ressaltou que espera que as conversas de paz sejam reiniciadas o mais rápido possível e que possa ser encontrada uma solução política e um cenário de segurança na Europa equilibrado, eficaz e sustentável.
Mas, dirigindo-se à imprensa após sua chegada, Macron afirmou que a Europa deve resistir a reduzir os laços comerciais e diplomáticos com a China e rejeitar o que alguns consideram uma “espiral inevitável” de tensão entre o país e o Ocidente.
Von der Leyen tinha reunião com Xi Jinping agendada para mais tarde, antes que os três realizassem conversas trilaterais à noite.
Macron conversou com o primeiro-ministro Li Qiang antes de se encontrar com Xi para uma cerimônia elaborada fora do Grande Salão. Ali, os dois líderes testemunharam uma salva de 21 tiros e caminharam lado a lado ao longo de um tapete vermelho, enquanto uma banda de música tocava seus hinos nacionais.
Em comentários noticiados pela mídia estatal CCTV, Xi Jinping destacou que a China e a França têm a capacidade e a responsabilidade de transcender “diferenças” e “restrições”, à medida que o mundo passa por profundas mudanças históricas.
“Novo ponto de partida”
O primeiro-ministro chinês encontrou com Von der Leyen, antes de sua primeira viagem à China desde que assumiu o cargo de presidente da Comissão Europeia. Mas em 2019, disse que a Europa deve “reduzir o risco” diplomática e economicamente com o país asiático.
“Tanto a Europa quanto a China se beneficiaram imensamente com esse relacionamento. No entanto, as relações UE-China se tornaram mais complexas nos últimos anos. É importante discutirmos juntos todos os aspectos de nossas relações hoje”, ponderou Von der Leyen antes de se encontrar com Li Qiang.
A autoridade chinesa observou que a parceria com a União Europeia e a França representa “um novo ponto de partida”. E que ambas as partes devem aderir ao “respeito mútuo e à cooperação ganha-ganha”.
De sua parte, a China está ansiosa para garantir que a Europa não siga o que vê como esforços liderados pelos Estados Unidos. Assim, tenta conter sua ascensão, e há pelo menos esperanças de acertar os desentendimentos com a França.
Persuasão pela paz
Tanto Macron quanto Von der Leyen disseram que querem persuadir a China a usar sua influência sobre a Rússia para trazer a paz à Ucrânia. Ou pelo menos impedir Pequim de apoiar diretamente Moscou no conflito.
A Rússia chama sua invasão da Ucrânia de “operação militar especial”.
Alguns analistas sugeriram que essas duas autoridades europeias podem adotar um papel de “policial bom e policial mau”, com Macron promovendo um “reinício” nas relações China-UE e Von der Leyen enfatizando as questões mais espinhosas e as linhas vermelhas nessas relações.