Marcelo D2 se apresenta nesta sexta-feira (22) no festival, que rola no Autódromo de Interlagos
O estilo sempre rondou o trabalho de Marcelo D2, seja com Planet Hemp, desde o primeiro disco da banda, “Usuário”, de 1995, seja em carreira solo, em “À procura da batida perfeita”, de 2003.
Essa aproximação ainda veio pelas amizades, D2 teve ao seu redor durante as três décadas de trajetória musical nomes como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho. Eles, aliás, foram inspirações para “Iboru”.
“Isso tem muito na minha música, mas também tem muito o rap de Nova York”, afirmou
Geração TikTok
O trabalho ainda tem a pretensão, ou melhor, ambição: chegar à turma mais nova, a “geração TikTok”.
“O samba é visto como música dos nossos pais, mas também somos os nossos pais”, disse o cantor. “A proposta na sonoridade minha de ‘Iboru’ é trazer a música contemporânea, que é o rap e foi em tudo quanto é lugar, para dentro do samba.”
Marcelo D2 diz que está se sentindo abençoado com novo álbum. “Isso vai conectar essa nova geração. Não é uma pretensão, é uma ambição, é uma vontade de que isso aconteça. A gente tem coisas ricas no Brasil, o entretenimento e a cultura podem andar juntas.”
Conexão com a fé
Aliás, outro caminho que D2 explorou neste trabalho foi a religião. Ele já tinha abordado o assunto em tom crítico em “Desabafo”, em 2008. Agora, sua visão de fé é outra.
“Minha mãe era uma pessoa de muita fé, ela saía da igreja, ia para o candomblé, e isso me tocou”, contou. “Eu sou um cara de fé, e só reconheci isso.”
“Iboru” em Yorubá significa, na tradução livre, “que sejam ouvidas as nossas súplicas”. Há cerca de dois anos, D2 se iniciou no Ifá, ou seja, religião de matriz africana.
“No Ifá, quando a gente se saúda, se encontra, a primeira coisa que a gente fala para o irmão é ‘Iboru, Iboya, Ibosheshe’, que são as três mulheres que Orunmilá encontra no caminho dele”, contou.
Marcelo D2, contudo, diz que esperou 30 anos por seu disco de samba. “Iboru” veio acompanhado por um curta-metragem, roteirizado por D2 e codirigido por Luiza Machado.
A ideia inicial é de que este seja o primeiro trabalho de uma trilogia, sendo outras duas partes batizadas de “Iboya” e “Ibosheshe”.
“Eu ainda não sei se é uma trilogia de discos ou de projetos. Eu comecei a perceber que a mudança do CD para o streaming, a gente vê muita música hoje. Mas a música tem outro papel do que na época que eu comecei a fazer”, disse.
“E estou buscando essas plataformas também. Eu brinco que estou fazendo música para poder fazer filmes.”