Pela primeira vez, a obra do brasileiro será eternizada em forma de selo
Em pouco tempo um mural do artista brasileiro Eduado Kobra já é uma atração turística, tanto dos habitantes de San Marino quanto dos visitantes de outros países, especialmente da Itália.
O mural de Kobra começa a ser incluído nos roteiros paisagísticos de San Marino. Sobretudo, como acontece com as obras do artista no Brasil e nos Estados Unidos. Especialmente em Nova York, onde ele tem 22 murais. Segundo informa o Turismo do país, nos meses de verão de 2023 haverá eventos especiais ligados ao mural e à história de San Marino.
Situado em Faetano, com vista para o Monte Titano e suas famosas Três Torres, o mural já se tornou uma atração cultural e turística da região.
Longa espera
A história da pintura de Kobra em San Marino começou há seis anos, em Ravena, na Itália, quando pintou uma obra sobre Dante Aleghieri. De acordo com a presidente do SIT Group, Neni Rossini, que convidou o artista, na época a empresa buscava uma nova linha gráfica. Sobretudo, para um estande na mais importante feira internacional de embalagens, a Interpack, em Düsseldorf, Alemanha.
Ao entrar em contato com a obra do brasileiro, os diretores ficaram imediatamente “impressionados com a forma original e extravagante com que Kobra usa a cor e as formas para contar histórias e transmitir emoções”. Procuraram pelo artista, que criou seis telas dedicadas às mães do mundo.
Mas desde esse primeiro contato ficou evidente que o grande desejo de todos seria ter um mural de Kobra em San Marino. “Combinamos que entraríamos em contato”, lembra Neni. Meses depois, o muralista, que tem obras em mais 35 países, em cinco continentes, visitou San Marino. Kobra conheceu as paisagens, caminhou pelas ruas, visitou os museus e se mostrou instigado pela história e personagens do local. Ficou combinado que faria um mural e o tema seria a lenda do São Marinho que chegou do mar.
Provavelmente a obra se realizou há alguns anos. Mas com a pandemia, os projetos passaram por um adiamento. Em dois anos, o artista brasileiro recusou ou cancelou cerca de 40 convites internacionais.
Serão organizados eventos especiais ligados ao mural e à história de San Marino
No segundo semestre deste ano, Kobra finalmente começou o mural. Acompanhado por cinco artista de sua equipe, trabalharam em imensos andaimes construídos ao longo de toda a estrutura.
“Gosto de pesquisar fotos, desenhos e pinturas em livros e museus, mas dessa vez não havia muitas imagens para que eu me baseasse e me inspirasse para a realização de um mural tão grande”, diz Kobra. Assim, acrescentou que é interessante que um dos menores países do mundo – com área de apenas 61,2 km² e população estimada em 34 mil habitantes – tenha agora um de seus maiores e mais detalhados murais.
“Passei cerca de 40 dias no país. Foi aí que tive a ideia, algo completamente novo na minha trajetória, de procurar entre os habitantes pessoas que se adequavam ao que eu imaginava. E que pudessem e aceitassem então se vestir com roupas de época e serem retratados no mural”, revela.
Em pouco tempo o mural já é uma atração turística, tanto dos habitantes de San Marino quanto dos visitantes de outros países, especialmente da Itália. O mural de Kobra começa a ser incluído nos roteiros paisagísticos de San Marino, como acontece com as obras do artista no Brasil e nos Estados Unidos, especialmente em Nova York, onde ele tem 22 murais. Segundo informa o turismo do país, nos meses de verão de 2023 serão organizados eventos especiais ligados ao mural e à história de San Marino.
Arte eternizada em selos
E pela primeira vez na trajetória de quatro décadas do artista urbano sua obra foi eternizada em forma de selos. O muralista brasileiro de 47 anos conta que também é completamente novo em sua história de quatro décadas como artista urbano o fato de sua obra ter sido retratada em selos.
“Se reconhece San Marino no mundo inteiro pela sua Arte Filatélica. É impressionante quando penso nos lugares para onde a arte me levou, nas possibilidades inusitadas e nas portas e conexões que aconteceram por conta do meu trabalho. Sinto-me lisongeado e privilegiado por ter sido convidado para pintar em um país medieval, considerado o estado nacional mais antigo do mundo, fundado em setembro de 301 e que tem um patrimônio histórico, cultural e artístico maravilhoso”, afirma o artista, que acrescenta: “Até onde sei, nunca houve nada relacionando a Street Art à Arte Filatélica. Acho que é uma atitude de inusitada e de vanguarda.
Fragmento do mural e da história de San Marino
Os selos de San Marino são importantes para colecionadores do mundo inteiro. Embora o conceito da arte urbana esteja mudando, ela ainda pode ser efêmera, com o passar dos anos ou de décadas. Mas o que o tempo apaga, os selos podem eternizar, permanecem para a história. As pessoas de todo o mundo agora podem ter esse fragmento do mural e da história de San Marino. É uma conexão fantástica entre meu trabalho, San Marino e o Brasil; e também entre a tradição e a arte urbana, que é contemporânea”.
Neni Rossini também destaca que o “mural tem uma força incrível que une a moderna arte de rua à história milenar de San Marino”. Ela afirma: “é uma história única, que fascina o mundo há séculos. Estamos todos orgulhosos, já que o trabalho de Kobra, com suas as cores, formas e personagens, mostra bem parte da história, cultura e tradição do nosso país”.
Sobre os selos
De acordo com o secretário de Estado do Turismo de San Marino, Pedini Amati, o trabalho foi um “exemplo de intervenção privada para colocar a beleza ao alcance de todos”. O selo da Divisão de Filatelia e Numismática de San Marino mostra a representação do beneditino São Marino. Junto à Primeira Torre e à Estátua da Liberdade, detalhes retirados da obra de origem do artista urbano Kobra, que é centrada na história do fundador da República e no nascimento da liberdade perpétua.
“A emissão postal também celebra o Bicentenário da proclamação da Independência brasileira. Os laços bilaterais, as profundas relações diplomáticas que unem a República de San Marinho à República Federativa do Brasil, são testemunhados desde 1830, quando o Grande e Conselho Geral concedeu a cidadania ao imperador Pedro I, justamente para destacar seu papel na evolução institucional de oito anos antes. Mas no Monte Titano, recordam também o Estado interlocutor. Sendo assim destino das numerosas famílias que ao final do século XIX, emigraram para o Brasil’, disse Amati. Ao total, foram feitas 20 mil unidades do selo, além disso, o preço é de € 5 (cinco euros) a unidade.