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Pacifista, Rabin ganhara no ano anterior o Nobel da Paz ao lado do líder palestino Yasser Arafat, com quem assinou o Acordo de Oslo

Filme O Último Dia de Yitzhak Rabin destrincha a difícil paz em Israel

No dia 4 de novembro de 1995, Yitzhak Rabin, ex-primeiro-ministro de Israel, falou com uma multidão de 100.000 pessoas no centro de Tel Aviv

Não poderia ser mais oportuna e importante a estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2/11) de O Último Dia de Yitzhak Rabin (2015). Premiado no Festival de Veneza, o thriller político dirigido por Amos Gitai, acompanha os últimos momentos de Yitzhak Rabin (1922 – 1995), ex-primeiro-ministro de Israel.

No dia 4 de novembro de 1995, 100 mil pessoas se reuniram em uma manifestação em prol da paz no centro de Tel Aviv. Rabin, o então primeiro-ministro do país, discursou em frente a uma multidão poucos minutos antes de levar três tiros nas costas. O atentado evidenciou não só a gravidade da violência no seio de algumas comunidades religiosas dentro de Israel, mas também o radicalismo político que cindiu o país. Opondo esquerda e direita e dividindo a sociedade quanto à natureza da convivência com os palestinos.

Símbolo principal do processo de pacificação entre israelenses e palestinos, Rabin recebeu o Prêmio Nobel da Paz um ano antes da sua morte, em 1994, pelo trabalho amplamente reconhecido na sua atuação diplomática no Oriente Médio, que culminou com os Acordos de Oslo – série de compromissos rumo a um processo de paz assinados em 1993 com o líder palestino Yasser Arafat.

O filme se inicia com trechos de uma entrevista de Shimon Peres, ministro dos Negócios Estrangeiros na época em que Rabin foi assassinado. Presidente de Israel entre 2007 e 2014, o líder político relembra a coragem e a resiliência com as quais o então primeiro-ministro enfrentou ameaças. Inclusive de morte, e acusações da direita – na qual se destacavam lideranças ligadas à religião e à política, como Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro israelense.

Voz de uma memória

Para produzir o filme, Gitai usou uma metodologia que se tornou sua marca registrada. O processo de escolha do elenco feito enquanto o roteiro escrito por ele e Marie-Jose Sanselme – parceira de longa data do diretor, com quem colaborou também em diversos filmes. Isto é: Alila (2003), Terra Prometida (2004), Ana Arabia (2013) e Um Trem em Jerusalém (2018).

Em suas pesquisas, o cineasta se debruçou sobre imagens registradas no dia do acontecimento. Aliás, selecionou alguns atores para interpretar papéis essenciais, como os membros da comissão que julgou o caso e o próprio assassino de Rabin.

“Quando eu estava com o projeto em mãos, decidi que faria esse filme não apenas como diretor, mas como cidadão israelense. Essa é a voz de uma memória que precisa ser ouvida”, conclui Gitai.

Com uma extensa e prolífica filmografia iniciada em meados dos anos 1970 que se alterna entre o documentário e a ficção, o realizador costura em O Último Dia de Yitzhak Rabin, imagens jornalísticas e filmes de arquivo, dramatizações e recriações de depoimentos a uma comissão especial – instaurada com o objetivo de apurar responsabilidades em uma eventual falha de segurança durante o evento em que o premiê foi assassinado – a fim de recuperar causas e consequências de um episódio que pôs fim à esperança de um processo de paz em Israel.