Representante da ONU para Prevenção e Resposta à Fome, Reena Ghelani, apresentou dados sobre insegurança alimentar e citou casos de várias nações
A coordenadora da ONU para Prevenção e Resposta à Fome participou de uma reunião no Conselho de Segurança sobre insegurança alimentar induzida por conflito.
Reena Ghelani testemunhou casos extremos no terreno e disse que conheceu mulheres e mães deslocadas que, devido à fome, não tinham força sequer para chorar.
Direito humanitário internacional
Ghelani afirma que a ameaça da fome deve ser um alerta. O número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar aguda atingiu 250 milhões no ano passado, sendo o maior registrado nos últimos anos.
Dessas pessoas, cerca de 376 mil enfrentavam condições semelhantes à fome em sete países. Outros 35 milhões estavam no limite. Como em todas as situações de crise, mulheres e crianças são as mais impactadas.
Reena Ghelani apresentou ao Conselho de Segurança, que este mês presidido pelos Estados Unidos, traz algumas propostas a começar pelo respeito à lei humanitária internacional, protegendo suprimentos e garantindo acesso seguro e desimpedido.
Outra ideia é a melhoria dos mecanismos de alerta precoce e a constante busca por encontrar formas de mitigar o impacto da violência sobre os mais vulneráveis.
Segundo a coordenadora, as mulheres e meninas devem ser o centro dos esforços por serem as mais afetadas. Reena Ghelani citou dados que apontam que o envolvimento feminino na construção da paz aumenta em 25% a probabilidade de cessar a violência.
E para isso, se faz necessário financiamento adequado. Além dos esforços da ONU, é preciso obter colaboração e solidariedade entre os países.
Fome e conflito
Ghelani diz que insegurança e conflito são importantes causas de fome. Ela explica que os sete países onde as pessoas enfrentam condições semelhantes à fome, viveram ou vivem conflitos armados ou níveis extremos de violência.
A coordenadora citou Afeganistão, Haiti, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, que aparecem regularmente na agenda do Conselho de Segurança.
Trabalhadores humanitários
Assim, ela adicionou que o conflito não poupa os trabalhadores humanitários. Dezenas mortos e muitos foram sequestrados ou feridos. Além disso, Reena Ghelani ressalta que instalações e suprimentos também são atacados, saqueados ou usados para fins militares.
Todavia a coordenadora falou sobre as dificuldades das Nações Unidas e seus parceiros no Sudão, onde 11 trabalhadores humanitários forma mortos nas últimas semanas. Mas a própria insegurança alimentar também instiga a instabilidade. Ela abordou ainda a questão climática apontando que entre os 10 países mais vulneráveis a riscos, sete estão em conflito.
Na sessão liderada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, falou então a jornalistas no fim do encontro como parte da agenda de trabalho americana para agosto no Conselho.