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O funeral de Bento XVI, que renunciou ao trono de Pedro em 2013 após oito anos de pontificado, foi "solene, mas sóbrio", como desejava

Papa Francisco preside funeral de Bento XVI

O papa argentino falou diante do caixão de madeira

O papa Francisco se despediu nesta quinta (5) de seu antecessor Bento XVI, falecido no sábado (31) aos 95 anos. O funeral solene aconteceu diante de milhares de fiéis e de personalidades do mundo todo reunidos na Praça de São Pedro.

“Bento (…) que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre, a voz” do Senhor. Assim, pediu o papa durante a missa presidida em cadeira de rodas.

No último adeus, Francisco destacou sua “entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e de bênção”, pouco antes pois de transportar o caixão para o interior da Basílica de São Pedro para sepultamento.

O papa argentino falou diante do caixão de madeira, onde jaz o corpo de Joseph Ratzinger, com uma cópia dos Evangelhos em cima e colocado no átrio da Basílica.

A presença de um papa no funeral de seu predecessor não tem precedentes na história recente da Igreja. Francisco esteve rodeado por cinco cardeais no altar instalado no átrio que domina a imensa esplanada.

Terminada a missa, de pé, apoiado por uma bengala e sem paramentos, Francisco abençoou o caixão e tocou-o com a mão para se despedir.

Santo subito

Entre os fiéis que assistiram à cerimônia estavam muitos padres e freiras, que fizeram fila desde a madrugada para entrar na Praça. “Para mim, ele é um grande ‘doutor’ (título para santos eruditos) da Igreja. Sempre pensei assim”, disse à AFP a freira mexicana Erica Merino Peña, uma das primeiras a entrar.

Um cartaz com “Santo subito” se destacava entre a multidão, lembrando os cânticos da multidão, em 2005, que pedia a rápida canonização de João Paulo II. O funeral do pontífice alemão, que renunciou ao trono de Pedro em 2013 após oito anos de pontificado, foi “solene, mas sóbrio”, como desejava Bento XVI.

A cerimônia teve início às 9h30 (5h30 de Brasília). Durou uma hora e 20 minutos e foi concelebrada por pelo menos 4.000 religiosos, entre cardeais e bispos de todo mundo.

Entre os presentes, estavam vários chefes de Estado e de Governo, incluindo os presidentes de Itália, Polônia, Hungria, Portugal, o rei Felipe da Bélgica e a rainha emérita espanhola Sofia, além de diplomatas de várias nacionalidades.

Cerca de 50.000 pessoas compareceram, segundo fontes do Vaticano. No total, 195 mil pessoas passaram durante três dias pelo velório, de segunda a quarta-feira. Colocaram o corpo de Joseph Ratzinger em um catafalco coberto por um pano dourado, rodeado por dois guardas suíços vestidos de gala, em frente ao altar-mor da Basílica de São Pedro.

Medalhas

Como Joseph Ratzinger, entretanto, renunciou ao ministério antes de morrer, seu funeral respeitou parte da liturgia reservada aos papas. Mas “com algumas diferenças”, observou o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni.

Manteve-se a tradição de colocar sobre o caixão de cipreste as medalhas e moedas cunhadas durante seu reinado, bem como os pálios. Também colocaram um breve resumo do pontificado dentro do caixão, antes de ser selado e colocado em um de zinco.

Nesta quinta-feira, o Vaticano divulgou o texto, no qual se refere a Bento XVI como “papa emérito” e cita a frase em latim por ele pronunciada durante sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013.

Na Alemanha, a conferência episcopal convidou as igrejas do país a tocarem os sinos às 11h, em homenagem ao primeiro papa alemão da era moderna.

Nascido em 1927, Joseph Ratzinger ensinou teologia por 25 anos na Alemanha, antes de ser nomeado arcebispo de Munique.

Após um pontificado marcado por múltiplos escândalos e intrigas e tendo passado os últimos dez anos de sua vida rezando e estudando, Bento XVI recebeu uma acusação no início de 2022 de ter acobertado quatro padres pedófilos quando era arcebispo na Alemanha. Ele negou este caso até o fim de sua vida.