Conflito intergeracional é contraproducente: Generalismos são armadilhas e devem ser deixadas de lado para que possamos aprender e crescer
É necessário abordar uma das questões significativas quando se trata da Geração Z: o conflito entre ela e as gerações anteriores. O desafio para ambas as partes reside em uma problemática comum: a generalização.
2024 será o ano em que a Geração Z ultrapassará os Baby Boomers no mercado de trabalho – e, com isso, podemos esperar uma mudança considerável na dinâmica profissional. Sabe por que? É que, nessa nova realidade, as convicções de uma geração antes dominante (Baby Boomers) – que priorizava estabilidade, hierarquia, lealdade às empresas e promessas de sucesso econômico – vai agora coexistir, de maneira mais próxima, com os valores da Geração Z, a que busca equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, almeja ter voz no ambiente de trabalho, valoriza transparência, diversidade e inclusão.
A armadilha das generalizações
Hoje em dia, é comum encontrar opiniões nas redes sociais rotulando a Geração Z de preguiçosa, muito demandante, a que mais tem problemas de comunicação. E, não raro, as críticas vêm acompanhadas da seguinte frase: “no meu tempo não era assim“.
Essas são apenas generalizações. Da mesma forma que a geração Z é percebida desse jeito, também é normal ler um “ok, boomer” de um gen Z como resposta a uma pessoa mais velha nas redes sociais.
No entanto, seria justo afirmar que todos da Geração Z são preguiçosos e que todos os boomers não estão dispostos a compreender as mudanças que vieram após eles?
Como sempre falo, é importante entender que, para toda geração, existem particularidades econômicas, sociais e culturais. Mesmo assim, independentemente da idade e desses fatores, seja nos 20 e poucos, 50 ou 80 anos, a busca é sempre a mesma: uma vida com paz e harmonia. Queremos prosperidade, viver com felicidade e saúde, boa remuneração e sucesso.
Então a pergunta é: como podemos esperar uma vida harmoniosa se a habilidade de compreender e aceitar o outro está em conflito?
A culpa é dos jovens
O mal do século sempre recai sobre o jovem: aquele que acha que pode mudar o mundo. Recentemente, os termos “quiet quitting”e “lazy girl job” viralizaram, refletindo, para alguns, a busca por um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal.
Enquanto, de um lado, há quem interprete essas expressões como uma tentativa de alcançar um melhor equilíbrio, do outro, alguns veem esses termos como uma atitude de preguiça em relação ao próprio trabalho. No entanto, ao considerar essa perspectiva mais crítica, convido à reflexão: será que o desejo por equilíbrio é exclusivo da Geração Z?
A ansiedade se transformou no maior problema de saúde mental global, afetando pessoas de todas as idades, e os millennials ganharam a reputação de serem a geração do burnout. Essas tendências refletem uma necessidade mais ampla de repensar a relação entre trabalho e bem-estar, transcendendo as fronteiras geracionais.
A busca pela valorização das diferenças
Para superar os atritos decorrentes de generalizações, a solução não está em tentar impor as crenças dos baby boomers aos Gen Zers – pelo contrário, essa saída só intensificaria os conflitos. Uma alternativa mais construtiva é celebrar as diferenças e considerar de que maneira as gerações podem se complementar.
É por isso que eu aprecio muito a ideia de ter mentores. Aprendemos com pessoas mais experientes, mas também temos a chance de ensinar algo novo, algo que, para nós, parece natural. Nessa troca, nenhum dos lados tenta impor um padrão, mas sim contribuir com o que sabe.
O conflito muitas vezes surge pela expectativa de que o outro deva possuir o que temos, focando nas semelhanças e encarando as diferenças como algo negativo. E se olhássemos para essas diferenças como complementares? Para alcançar isso, é necessário um olhar aberto e empático de todas as gerações, prontas para ensinar e aprender.
Fonte: Bia Félix – Exame