Pesquisadores confirmam ligação genética entre doenças intestinais e mal de Alzheimer
Estudo confirma ligação genética entre doenças intestinais e o mal de Alzheimer — a doença é uma das formas mais comuns de demência, afetando a memória e a habilidade de pensar. Sem tratamentos para a cura, estima-se que ela irá afetar mais de 82 milhões de pessoas até 2030, custando até R$ 10 trilhões à saúde em todo o mundo.
Estudos observacionais já haviam sugerido uma relação entre o Alzheimer e desordens do trato gastrointestinal, mas o elo entre as condições não estava claro. Pesquisadores da universidade australiana Edith Cowan University (ECU) publicaram um artigo na revista científica Communications Biology detalhando a ligação genética recém encontrada entre as doenças.
Pessoas com o mal de Alzheimer e com problemas no intestino têm genes em comum. Segundo os cientistas, isso não quer dizer que quem tem uma das condições desenvolverá a outra, mas há evidências da ligação entre cérebro e intestinos. Este conceito teoriza a união dos centros cognitivos e emocionais com o funcionamento do sistema intestinal.
E o colesterol?
Algumas das doenças gastrointestinais crônicas ligadas ao mal de Alzheimer são o refluxo gastroesofágico, úlcera gástrica, gastrite/duodenite, síndrome do intestino irritável e diverticulose. Uma exceção é a doença inflamatória intestinal. Além disso, investigaram o papel do colesterol nesta ligação, sugerindo que níveis anormais do composto são fator de risco para ambos os problemas.
As características biológicas e genéticas comuns aos dois tipos de problema sugerem um papel considerável do metabolismo dos lipídios, do sistema imune e de medicações que diminuem o colesterol. Segundo os cientistas, há evidências de que o colesterol alto pode chegar ao sistema nervoso central e resultar em um metabolismo anormal de colesterol no cérebro.
Níveis anormais de lipídios no sangue também podem ser causados, ou piorados, por bactérias intestinais (H. pylori). Dessa forma, dando base para crer que isso pode influenciar no mal de Alzheimer e em distúrbios intestinais. Essas ligações descobertas pelos pesquisadores podem ajudar a desenvolver tratamentos contra o Alzheimer no futuro.
Quando se utiliza as estatinas, por exemplo, para abaixar os níveis de colesterol no corpo, podem ter um bom potencial terapêutico para problemas gastrointestinais e mal de Alzheimer.
No entanto, são necessários mais estudos e acompanhamento individual para cada paciente para verificar a viabilidade do uso de tais medicamentos. A pesquisa indica, também, que a dieta pode contribuir para o tratamento e prevenção das patologias estudadas.