Sapos transparentes descobertos apresentam diferenças genéticas
Aos pés dos Andes, a apenas 16 quilômetros de Quito, capital do Equador, foram descobertas duas novas espécies que revelam a grandeza da biodiversidade do nosso Planeta; dois sapos transparentes, apelidados em inglês de “glass frog”, ou “sapos de vidro”.
Um deles, o Hyalinobatrachium mashpi, vive nas Reservas Mashpi e Tayra, dois oásis de floresta tropical. A outra espécie, o Hyalinobatrachium nouns; habita o flanco norte do vale na Cordilheira de Toisan, um complexo íngreme de montanhas isoladas do cinturão principal dos Andes.
Ambos medem entre 1,9 e 2,1 centímetros do focinho à cloaca (uma medida de comprimento padrão dos anfíbios) e, a olho nu, seus corpos são quase idênticos, com costas verdes salpicadas por pontos pretos e por fim manchas amarelas.
Por baixo, os corpos possuem uma barriga completamente transparente que revela um coração vermelho, um fígado e um sistema digestivo e, além disso, nas fêmeas, uma bolsa de ovos esverdeados.
“No começo, quando começamos a coletá-los, pensamos que eram da mesma espécie. Ficamos surpresos então ao saber que eles realmente apresentam grandes diferenças genéticas”, disse Juan Manuel Guayasamin, biólogo evolutivo da Universidad San Francisco de Quito e principal autor de um artigo que descreve as novas espécies, publicado esta semana na revista PeerJ.
Diversidade invisível
Isso é o que os cientistas chamam de diversidade críptica, quando as características que diferenciam uma espécie da outra não são visíveis a olho nu; diz então o coautor do estudo Jaime Culebras, pesquisador da Andean Condor Foundation.
Segundo Andrea Teran, herpetóloga do Centro de Pesquisa Jambatu em Quito, a descoberta mostra quantas espécies ainda não foram descobertas, principalmente nos Andes tropicais. “A topografia aqui é bastante complexa, com muitos nichos inexplorados e áreas de difícil acesso, então o endemismo é muito alto. Na verdade, quando você fala sobre anfíbios no Equador, o ponto mais diversificado são os Andes, não a Amazônia, afirma a pesquisadora.