Saiba tudo sobre o filme O Troll da Montanha
O Troll da Montanha tem a urgência de um grito de socorro da Terra, encarnado por uma criatura monstruosa, mas que ataca muito mais para se defender. Nas raras vezes em que conseguimos esquecer, pelo espaço de um instante que seja, as muitas comodidades da vida pós-moderna. E nos voltamos para o que pode haver de mais trivial na essência de cada um, encontramos no mais fundo de nosso espírito algumas das respostas.
Essa busca, ora insana, ora de uma racionalidade assombrosa, até parece a caminhada errante do último poeta, perdido em suas vãs quimeras, saboreando o gosto do beijo de um anjo enquanto atravessa o arco-íris, sequioso de seu quinhão de ouro.
O Troll da Montanha
O norueguês Roar Uthaug parece ter se decidido a explorar um nicho para o qual não havia atentado ainda. Lançando mão do folclore pouco conhecido para além de sua Noruega natal.
O roteiro de Uthaug e Espen Aukan, até privilegia a diversão gratuita de um público habituado a consumir esse tipo de narrativa a fim de desopilar a tensão. E até hoje são pouquíssimos os que reparam na mensagem sociofilosófica de obras como “King Kong” e “Godzilla”. Mas a mão firme do diretor leva a história para onde ela quer ir desde o princípio.
Assim, a paleobióloga Nora Tideman, interpretada por Ine Marie Wilman, faz a descoberta cuja importância tem lhe tirado o sono há anos. Ela encontra o fóssil de um dinossauro sobre o qual cientistas do mundo todo vêm travando acaloradas e infrutíferas discussões.
Desse modo, Uthaug prepara o terreno para a guinada a que pretende submeter o enredo, incluindo a implosão de uma área da montanha em que as equipes trabalham. Então, a partir desse ponto, o ser antropomórfico e horripilante, colosso de pedras e líquen mencionado no título passa a dominar a trama.
Para tentar desvendar a verdadeira identidade da fera libertada da rocha, Nora recorre ao pai, Tobias, não exatamente um modelo de correção moral, tampouco de saúde psiquiátrica.
O personagem de Gard B. Eidsvold preenche a cota dos tipos excêntricos em filmes eminentemente austeros, quase herméticos. No entanto, o desenvolvimento desse arco, na medida, é fundamental para o que se vê na compreensão do mote central, com direito a uma bela sequência em que o troll se mostra mais sensível que muita gente.
Filme: O Troll da Montanha – netflix
Direção: Roar Uthaug
Ano: 2022
Gêneros: Terror/Ação/Suspense
Nota: 8/10