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Um estudo recente, publicado na revista Science, sugere que a vida no planeta Terra teve origem há quase 2 bilhões de anos.

Vida na Terra é mais antiga do que se pensava, aponta estudo

Um estudo recente, publicado na revista Science, sugere que a vida no planeta Terra teve origem há quase 2 bilhões de anos

A pesquisa analisou em alta resolução a diversidade biológica do período Proterozoico do planeta Terra, que se estende de 2,5 bilhões a 539 milhões de anos atrás. Durante esse intervalo, predominavam pequenos organismos e esponjas sem esqueletos minerais, cujos registros fósseis são raros e fragmentados.

O projeto resultou na criação do maior banco de dados de paleobiologia da Terra primitiva já desenvolvido, fruto de seis anos de trabalho colaborativo entre instituições como o Instituto Politécnico da Universidade da Virgínia, universidades da Califórnia, Princeton e Missouri, além de pesquisadores das academias de ciências da Rússia e da China. Utilizando ferramentas analíticas avançadas e registros fósseis, o estudo esclarece um período até então pouco compreendido da história evolutiva do planeta.

Evolução e Desafios Ambientais

A pesquisa representa a análise mais detalhada já realizada sobre o período Proterozoico, valendo-se da tecnologia para alcançar uma precisão temporal inédita. Os resultados indicam que os primeiros eucariotos surgiram por volta de 1,8 bilhão de anos atrás e evoluíram de forma gradual até estabilizarem sua diversidade cerca de 1,45 bilhão de anos atrás. Esse longo intervalo, conhecido como “bilhão entediante”, foi marcado por taxas extremamente baixas de renovação de espécies.

Durante essa era, a biodiversidade permaneceu estável. Entretanto, eventos climáticos extremos, como as glaciações globais que ocorreram entre 720 e 635 milhões de anos atrás, transformaram drasticamente o cenário evolutivo.

Essas eras glaciais interromperam de forma significativa a trajetória evolutiva da biosfera primitiva, desencadeando eventos de extinção em massa. Com o derretimento das camadas de gelo, o aumento nos níveis de oxigênio atmosférico e o aquecimento global impulsionaram uma intensa radiação biológica, culminando no surgimento de organismos mais complexos.

Extinções e Novas Radiações

Um evento significativo de radiação biológica, seguido pelo primeiro grande evento de extinção em massa, eliminou microrganismos espinhosos que eram dominantes. Posteriormente, organismos macroscópicos complexos, incluindo os primeiros animais, passaram por rápidas radiações evolutivas. Contudo, esses mesmos organismos enfrentaram declínios acentuados na diversidade posteriormente. Essas oscilações revelam que a evolução da vida seguiu um padrão não linear, alternando entre períodos de estagnação prolongada e radiações aceleradas.

Implicações para a Busca por Vida Extraterrestre

Além de preencher lacunas importantes na história evolutiva da Terra, os resultados do estudo têm implicações relevantes para a busca por vida extraterrestre. Isso porque, compreender os fatores ambientais que permitiram o desenvolvimento da biodiversidade terrestre pode fornecer pistas cruciais sobre a existência de vida em outros planetas.

A pesquisa também destaca o impacto de mudanças climáticas abruptas na biodiversidade. Assim, oferece uma base teórica para avaliar o desenvolvimento sustentável da Terra em cenários de alterações ambientais.

O foco principal da análise foram registros de antigos eucariotos marinhos – organismos cujas células possuem núcleo – que deram origem aos seres multicelulares, incluindo animais, plantas e fungos. Os cientistas esperam que o banco de dados criado possa futuramente ajudar a responder novas questões sobre a evolução biológica na Terra e ampliar o entendimento sobre as interações entre a vida e o ambiente ao longo da história do planeta.