Oferece refeições para as crianças e manda alimentos para famílias
A Casa do Adolescente Sagrada Família de Rondonópolis se viabiliza por meio de várias parcerias. O projeto social transformou assim a vida de Kerisson e já inseriu mais de 600 adolescentes no mercado de trabalho. Quando tinha 13 anos, Karisson Henrique Martins começou a frequentar a Casa do Adolescente Sagrada Família de Rondonópolis (Casf). Lá ele estudou violão e fez aulas de karatê, aprendeu inglês e espanhol. Além disso, foi encaminhado para o primeiro emprego como aprendiz.
“São os anjos da Casf”, diz Karisson sobre o trabalho desenvolvido pela Casa do Adolescente. Hoje, com 22 anos, cursa faculdade de Engenharia Civil e trabalha como correspondente bancário na mesma empresa onde conseguiu o primeiro emprego.
Refeições para as crianças e alimentos para famílias
A Casa do Adolescente Sagrada Família de Rondonópolis firmou parceria com a Justiça do Trabalho, juntamente com o Ministério Público do Trabalho. Assim, já foi destinado cerca de R$ 800 mil para o projeto. Os recursos vêm sendo repassados desde 2018 e são oriundos de ações civis públicas com condenações pelo desrespeito à legislação trabalhista.
Falante e bem articulado, Karisson conta das dificuldades enfrentadas pela família. Sobretudo, quando a mãe, acompanhada de cinco filhos, chegou a Rondonópolis com pouquíssimos recursos financeiros. “Esse projeto, certamente, tirou a mim e meus irmãos da rua. Minha mãe podia confiar que estávamos tendo incentivo, estudando e aprendendo a ser excelentes cidadãos. Hoje, no entanto, dou graças a Deus por ter passado pela casa”.
Além das aulas, a Sagrada Família oferece refeições para as crianças. E, quando conseguem, mandam alimentos também para as famílias. “Tinha café da manhã, lanche, almoço e jantar. Enfim, sempre um banquete. Até hoje os professores entram em contato com a gente para saber se estamos bem. Aliás, é um projeto que precisa de ajuda e transforma a vida das pessoas”, assegura Karisson.
“Não temos palavras para dizer sobre a importância dos nossos apoiadores”
São os recursos que fazem a Casa do Adolescente mudar a realidade de centenas de crianças de adolescentes da região. Como por exemplo os destinados pela Justiça do Trabalho em Mato Grosso e Ministério Público do Trabalho, Segundo a coordenadora do projeto, Rosângela Duarte, criada em 1991, a entidade atende hoje 67 crianças. “Já chegamos à marca de 615 adolescentes inseridos no mercado de trabalho como aprendizes”, destaca.
Rosângela é voluntária da Casa do Adolescente e recebe apenas uma ajuda de custo. Ela lembra que foi uma destinação da Justiça do Trabalho para o projeto de Karatê em 2018 que incentivou a instituição a continuar o trabalho. O repasse foi autorizado pela desembargadora Adenir Carruesco. Sendo assim, na época ela era juíza da 1ª Vara do Trabalho de Rondonópolis.
O projeto de Karatê da Casf foi idealizado pelo Rotary Club Rondonópolis Cerrado. Ele apresentou o projeto para o MPT e Justiça do Trabalho e, dessa forma, conseguiu o patrocinador para pagar o professor e dar sustentabilidade ao projeto.
“Não temos palavras para dizer sobre a importância dos nossos apoiadores. Vemos o crescimento das crianças e adolescentes e me arrepio de ver eles estudando, sendo profissionais. O apoio que recebemos da Justiça do Trabalho na época deu um norte quando achávamos que não iríamos mais conseguir. A aprovação de recursos mostrou que a gente podia fazer mais”, afirma Rosângela.
Eles foram meu norte e têm uma importância muito grande na minha vida
A diretora executiva da empresa Girassol, que custeia o professor de Karatê há quatro anos, também destaca a importância de toda a sociedade contribuir. “Esse é o pilar social da nossa empresa. Quando ajudamos adolescentes, ajudamos a construir um futuro melhor para o Brasil”.
A Casa do Adolescente também oferece aulas de inglês, espanhol e apoio pedagógico, música, teatro e circo. Além disso, oficinas de audiovisuais, leitura e robótica, apoio psicológico no contraturno escolar e ajuda os adolescentes na documentação. Como também, na procura de cursos profissionalizantes para conseguirem o primeiro emprego como menor aprendiz.
Hoje formada pela Universidade Federal de Rondonópolis em Zootecnia e atuando na área, Ivana Fagundes entrou na Casa do Adolescente com 13 anos. “A Casa do Adolescentes é 60% de tudo que sou hoje. Me motivaram a estudar, trabalhar honestamente e me mostraram que podemos sim batalhar por nossos sonhos”.
Ela ficou três anos no projeto estudando espanhol, inglês, fazendo aulas de músicas e esportes. Saiu com 16 anos, quando foi encaminhada para trabalhar como jovem aprendiz. “Me indicaram, ajudaram na parte da documentação e, mesmo depois, ainda me procuraram para saber se estava tudo bem. Eles foram meu norte e têm uma importância muito grande na minha vida”, contou.