Com a melhora das cadeias produtivas, emprego e renda, novo cenário leva revisão do PIB
A CNI (Confederação Nacional da Indústria), revisou a projeção para a economia brasileira e prevê crescimento de 3,1% neste ano. No entanto, a estimativa anterior para o PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de toda produção e serviço do país, era de alta de 1,4%. Os dados fazem parte do Informe Conjuntural do 3º Trimestre, divulgado nesta terça-feira (11).
Entretanto, a revisão positiva ocorre após mudanças de cenário no primeiro semestre, segundo a CNI. Pois, entre os motivos apontados pela indústria estão a melhora das cadeias produtivas, o aumento do emprego e da renda e a desaceleração da inflação. A previsão para o PIB industrial também aumentou, de 0,2% projetado anteriormente para 2%.
Mesmo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura quase oito meses. Além de novos riscos no cenário internacional, bem como das paralisações em cidades na China devido à Covid, houve normalização parcial das cadeias de suprimentos.
“A indústria tem tido sucesso na busca por alternativas para reduzir e contornar o problema da falta de insumos. Assim sendo, a produção industrial manteve ritmo de crescimento. Ainda que moderado, pela maior parte do ano até o momento”, ressalta o Informe Conjuntural do 3º Trimestre.
“Devemos implementar ações consistentes para incentivar investimentos”
A indústria da construção, que já mostrava um desempenho positivo, recebeu novo impulso com a ampliação do Casa Verde e Amarela. Ou seja, o programa de financiamento à habitação do governo federal. Já o setor de serviços segue em crescimento, com a normalização de suas atividades no pós-pandemia. Sobretudo aquelas ligadas à mobilidade das pessoas. Com isso, a projeção desse setor passou de alta de 1,8% para alta de 3,8%.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que é importante que o ritmo de crescimento projetado para 2022 seja mantido nos próximos anos. “O Brasil precisa crescer de forma sustentada. E, assim elevar a renda média da população e colocar-se entre os países mais desenvolvidos. Para isso, devemos implementar, com urgência, ações consistentes que incentivem os investimentos. E além disso, aumentem a competividade e a produtividade das empresas”, afirma Andrade.
Segundo ele, é fundamental que pautas principais avancem no Congresso Nacional, como a reforma tributária, por exemplo, que está em discussão no Senado. “Estamos seguros de que deputados e senadores continuarão dando as respostas de que o país necessita. Mobilizando-se, discutindo, votando e aprovando os projetos adequados. Sobretudo a proposta que moderniza o principal gargalo para as empresas do país, que é o nosso sistema tributário”, avalia o presidente da CNI.
O gerente-executivo de economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explica que a atividade de serviços mais aquecida impulsionou assim o mercado de trabalho, com o aumento significativo do número de pessoas ocupadas. Em 2022, essa trajetória foi acompanhada pelo avanço do rendimento médio, o que não havia acontecido em 2021.
A recuperação do mercado de trabalho segue consistente no terceiro trimestre, encerrado em agosto, com o emprego em elevação, totalizando 99 milhões de pessoas ocupadas. Com isso, a média da expectativa de taxa de desemprego no ano caiu de 10,8% para 9,3%. E a expectativa de crescimento da massa salarial real passou de 1,6% para 5,1%, beneficiada também pela queda da inflação
“Além disso, novos impulsos fiscais tiveram início no terceiro trimestre. Como por exemplo, o aumento do valor do benefício Auxílio Brasil e a criação do auxílio a caminhoneiros e taxistas. E darão sustentação ao consumo”, afirma Telles.
A inflação desacelerou fortemente a partir de maio de 2022. Com variação negativa de preços em julho, agosto e na prévia de setembro, avalia o informe da CNI. Essa queda da inflação se deve não só à forte influência das desonerações tributárias sobre energia, combustíveis e telefonia. Mas também à desaceleração na alta dos preços industriais e de alimentos, avalia a CNI. A projeção de inflação da indústria para este ano é de 5,9%.
“Essa queda na inflação também contribui para a recomposição do rendimento médio real e da massa salarial real. E, consequentemente, do poder de compra das famílias e do consumo”, explica Telles.
Outro destaque para a CNI são as exportações e importações, que permanecem com crescimento vigoroso neste ano, alavancadas principalmente pelos preços. A previsão para 2022 é de superávit da balança comercial em US$ 51,3 bilhões. “As exportações devem superar importações em US$ 51,3 bilhões”, prevê a CNI.