Relatório da investigação no futebol feminino, aponta erros e omissões da liga nacional e da federação americana ao longo de quase uma década
O futebol feminino dos EUA conheceu nesta segunda-feira (3) o resultado de quase um ano de uma investigação independente que aponta erros e omissões da Women’s National Soccer League (WNSL) e da US Soccer Federation (USSF), a federação de futebol do país, em prevenir, combater, punir e divulgar casos de assédio e abuso sexual na modalidade, incluindo divisões de base.
O Relatório Yates revelou uma liga em que “abuso verbal e emocional e má conduta sexual se tornaram sistêmicos, alcançando múltiplos times, técnicos e vítimas. Começando nas ligas juvenis que normaliza a verbalização de abusos por treinadores e confunde os limites entre treinadores e jogadoras”.
Em outubro do ano passado, a USSF fez uma investigação sobre as alegações de comportamento abusivo e má conduta sexual no futebol feminino do país.
O pedido veio como consequência da reportagem do site “The Athletic” que revelou os abusos cometidos pelo então técnico do North Carolina Courage, Paul Riley, contra as jogadoras Meleana Shim e Sinead Farrelly.
Miranda sofreu assédio por meses quando era dirigida por Riley, no Portland Thorns, em 2015, e perdeu espaço no time. Sinead acusou Riley de coagi-la a iniciar um relacionamento sexual, quando trabalharam juntos em outra liga.
O Portland Thorns demitiu Riley na ocasião, mas escondeu as razões, permitindo que o treinador seguisse sua carreira na NWSL e angariasse prestígio profissional com os títulos da liga conquistados em 2016, pelo Western New York Flash, 2018 assim como 2019.
A omissão do Thorns sobre os motivos da demissão se tornou um exemplo de como dirigentes de clubes e da própria liga “falharam repetidamente em responder apropriadamente quando confrontados com relatos de jogadoras e evidências de abuso”.
Relátorio da investigação do futebol feminino
Em suma, o relatório conclui que os assédios sistêmicos na liga não foram apenas de ordem sexual. Ainda incluiu casos de jogadoras que sofreram abuso verbal e emocional de treinadores. Um dos exemplos citados foi do treinador Rory Dames, contra jogadoras do Chicago Red Stars.
“Ouvimos relato após relato de tiradas implacáveis e degradantes, manipulação sobre poder. Infelizmente não para melhorar o desempenho, e retaliação contra aquelas que tentaram se apresentar”, explica o relatório.
Três times da NWSL Portland Thorns, Chicago Red Stars e Racing Louisville, acusados no relatório de não cooperar totalmente com a investigação. A NWSL, assim como a USSF também receberam críticas por não terem tomado as atitudes apropriadas mesmo tendo ciência dos casos.