Ela é a principal fonte de energia limpa para fazer as caldeiras das fábricas
A previsão de instalação de novas plantas de etanol de milho no Estado e o avanço da produção industrial devem aumentar a demanda por biomassa em Mato Grosso (MT). Ela é a principal fonte de energia limpa para fazer as caldeiras das fábricas funcionarem. Pois geralmente oriunda de matéria orgânica vegetal como o cavaco de madeira, resíduos das serrarias, eucalipto, palha de arroz, capim, bagaço de cana, dentre outros.
Para assegurar que as indústrias tenham essa biomassa, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec MT) tem o fundo do Desenvolvimento Florestal do Estado de Mato Grosso, o Desenvolve Floresta.
Criado em 2021 e início das operações em 2022, o fundo é uma forma que os produtores rurais tem como pagar a taxa de reposição florestal. Pois ela é obrigatória nos casos de supressão de vegetação nativa. Ou seja, aquelas que já emitiram pela Sedec 530 certificados de Taxa de Reposição Florestal.
Mato Grosso tem grande potencial na geração de biomassa
“O recurso desse fundo tem como um de seus objetivos principais oferta de matéria-prima para a indústria madeireira. Para os utilizadores de matéria-prima florestal energética e sobretudo, para os demais consumidores. De forma sustentada e permanente”, destaca a superintendente de Agronegócios e Crédito da Sedec, Linacis Silva.
Ela destaca que Mato Grosso tem grande potencial na geração de biomassa com clima e terras favoráveis, qualidade hídrica. Além de que a integração lavoura-pecuária-floresta é um dos braços do Plano ABC+. Sobretudo, para redução de emissão de gases de efeito estufa pela agropecuária mato-grossense.
É previsto no plano que o estado tenha 1,3 milhão de hectares no sistema de integração com florestas, com produção de alimentos e 285 mil hectares de florestas.
Por meio do Conselho Gestor do Fundo Floresta se deliberam as formas que os recursos devem sofrer aplicações. Segundo Linacis, há três prioridades para aplicação do recurso do fundo. Como por exemplo, linhas de crédito para o desenvolvimento florestal a propriedades com Cadastro Rural Ambiental (CAR) analisado pela Sema. Incluindo, transferência de tecnologia como a realização de Dia do Campo ou ainda para pesquisa florestal.
Solução industrial de energia limpa
O vice-presidente da Fiemt e presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal, Frank Rogieri, destacou que o uso da biomassa deu destinação ao pó da serra. Pois antes era um problema ao setor e oriunda de manejo florestal sustentável pelas indústrias. Especialmente após a implantação das usinas de etanol de milho.
“O uso da biomassa transformou o panorama da indústria madeireira de floresta nativa. A produção do cavaco vem crescendo ano a ano desde 2017. Produziu-se naquele ano 763,7 mil m³ de cavaco, que saltou para 3,5 milhões de m³ em 2022, com crescimento de 54,5% em relação a 2021. De janeiro até 31 de maio de 2023 foram 1,7 milhões de m³ produzidos”, comentou.
Em 2010, a cidade de Marcelândia viveu uma tragédia em decorrência da falta de utilidade dos restos de serraria. O incêndio destruiu 80% das empresas madeireiras da cidade, causando então um prejuízo de R$ 10 milhões. Dessa forma, deixou pessoas desabrigadas e centenas de pessoas internadas na época por problemas respiratórios.
O Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea), projeta que a safra 2021/2032 atinja 144 milhões de grãos e a demanda de biomassa deve aumentar. Uma das indústrias que devem puxar é a etanol de milho.
Um dos exemplos é a FS Bioenergia, que tem 3 plantas no Estado e com projeção de novas indústrias em Mato Grosso. Sozinha, a empresa consome cerca de 8,4 mil hectares de florestas plantadas (eucalipto e bambu) para rodar as 3 fábricas. Cerca de 53% da biomassa é oriunda de eucalipto, 39% resíduo da indústria madeireira e palha de arroz e 8% de bambu.