As 7 grandes línguas do mundo reunidas
A interlíngua é uma língua auxiliar internacional que tem como objetivo facilitar o entendimento entre pessoas que falam diferentes idiomas. E o melhor de tudo: usando basicamente uma mistura de palavras de diferentes vocabulários. Embora diferentes entre si, têm a mesma base: o latim e o grego.
Quem já viajou para o exterior ou se deparou com turistas estrangeiros pelas ruas pode ter passado por situações nas quais a comunicação se mostrava quase impossível. E nem precisa um idioma muito diferente do nosso, como alemão ou russo, por exemplo. Muitas vezes, mesmo um visitante de um país vizinho ao nosso muitas vezes se mostra bem difícil de compreender.
O diferente — porém bastante familiar — idioma é composto de palavras retiradas de sete idiomas diferentes. Ele mescla os vocabulários italiano, francês, inglês, alemão, russo, espanhol e português, sendo estes dois últimos tratados como uma única língua. Palavras como abdução, abolição, abominação, absoluto, absorção, e abstração, por exemplo, têm grafia e fonética similar em diversas línguas diferentes, sendo facilmente identificadas na leitura de textos em espanhol ou até inglês.
A maioria de todas as palavras internacionais é de origem latina ou grega
Após 25 anos de estudos, um dicionário fundamental e uma gramática mínima foram publicados pela International Auxiliary Language Association (IALA) em 1951. Para que uma palavra seja integrada à Interlíngua, ela precisa ser comum a pelo menos um dos três idiomas listados. Conforme mostra, o docente de línguas e TikToker Carlos Valcárcel, aprender o idioma auxiliar é até bastante fácil.
“A maioria de todas as palavras internacionais é de origem latina ou grega,” explica o site da Union Mundial pro Interlingua (UMI), instituição que visa estimular o uso da língua auxiliar internacional em todos os continentes. Ela explica que a interlíngua utiliza formas prototípicas e padronizadas destas palavras, resultando em “um ‘latim moderno’ internacional e simplificado, elegante e prático.”
Compreender a interlíngua é muito fácil, sendo extremamente simples e natural entender textos técnicos mesmo sem ser fluente na língua auxiliar. E como o novo idioma surgido da integração de sete diferentes línguas não pertence a nenhum país, povo ou cultura, ele tem ainda um grande potencial de uso internacional em viagens e até mesmo no campo político.
Idioma do futuro?
A comunicação entre pessoas falantes de português, espanhol, francês, inglês e os demais idiomas que formam a língua auxiliar internacional nem sempre é das mais fáceis. E isto fica bastante claro em locais onde há grande interação entre indivíduos que falam diferentes línguas, como é no caso da União Europeia.
Quando se emite um documento na UE, é preciso que ele passe por tradução de acordo com o idioma de cada Estado-membro. A mesma informação chega para cada um dos 27 países que compõe a União, mas traduzida para seus respectivos idiomas. Por exemplo, para que Portugal, Alemanha, Eslováquia, França e Espanha, aquele mesmo documento precisa passar por tradução para português, alemão, eslovaco, francês e espanhol. A solução para este problema pode estar justamente na interlíngua.
Por questões estatutárias que preveem a igualdade de direitos entre todos os seus Estados-membros, a União Europeia impede a eleição de uma língua nacional como seu idioma oficial. Por isso, está fora de cogitação escolher o inglês, o espanhol ou francês, por exemplo, para servir como idioma padrão. E justamente por isso o idioma auxiliar poderia ser a solução ideal.
Ideal para o turismo
Como explica o site da União Brasileira pró Interlíngua (UBI), “[a] interlíngua, em sua neutralidade e com a sua internacionalidade, tem o potencial ideal para resolver esse tipo de impasse.” Além disso, eles acreditam que o idioma internacional unificado tem “potencial promissor como eventual língua do turismo entre Europa e América.”
A UMI ressalta ainda que nenhum aspecto da língua auxiliar internacional é artificial ou passou por invenção. Segundo a instituição, “[a] interlíngua é o resultado de uma grande cooperação de linguistas e filólogos europeus e americanos.”