Se tem pressão alta e quer praticar esportes ou exercícios é fundamental ter a manutenção da boa saúde é fundamental
Conhece a relação das atividades físicas e a regulação da pressão arterial? Isso é o que mostrou um extenso estudo conduzido por pesquisadores britânicos, recém-publicado no British Journal of Sports Medicine.
Uma coleção de 270 pesquisas realizadas entre 1990 e 2023 foram analisadas. Os cientistas, então, concluíram que os exercícios isométricos, os quais envolvem a contração muscular sustentada, são particularmente eficazes em reduzir a pressão arterial.
Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), observou que embora não seja uma descoberta completamente inédita, já havia indícios dos benefícios dos exercícios isométricos no controle da pressão.
Entretanto, antes de iniciar um regime de exercícios estáticos, que podem parecer mais simples do que realmente são, é importante tomar algumas precauções.
Agachamento isométrico
É válido lembrar que a Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular, de 2020, já citava o handgrip, exercício realizado de três a cinco vezes por semana, durante 12 minutos, como uma estratégia eficaz para redução da pressão arterial.
Nesse exercício, a pessoa aperta um dispositivo composto por duas alças, visando fortalecer dedos, mãos e antebraços. Recentemente, um movimento que chamou atenção foi o agachamento isométrico. Resumidamente, envolve encostar a coluna na parede e flexionar as pernas, simulando a posição de sentar em uma cadeira imaginária.
Após analisar diversos dados, os pesquisadores britânicos observaram que a prática de exercícios isométricos reduziu a pressão sistólica em 8,24 mmHg e a diastólica em 4 mmHg.
Enquanto a pressão sistólica se refere à saída do sangue do coração para o corpo, a diastólica ocorre quando o coração relaxa. Esses resultados se assemelham aos obtidos com o uso de medicamentos.
A Influência dos Exercícios Isométricos na Pressão Arterial
Segundo o especialista da Socesp, no exercício isométrico, os músculos permanecem contraídos por um período prolongado – nos estudos, em torno de dois a três minutos, chegando a até quatro minutos. Isso cria um fenômeno chamado de estresse de atrito.
Na prática, isso significa que o sangue “colide” com as paredes dos vasos sanguíneos, especialmente nas artérias. Quanto maior o atrito, maior a liberação de substâncias que promovem a dilatação dos vasos, o que resulta em um relaxamento.
Isso é o que leva à redução da pressão arterial. Embora esse efeito também ocorra em exercícios aeróbicos e de resistência, ele não ocorre com a mesma magnitude.
Fatores de risco
A recomendação é que pessoas com qualquer fator de risco cardiovascular – principalmente hipertensão – sejam monitoradas de perto durante o exercício e que suas pressões sejam avaliadas antes de começar qualquer atividade física.
Caso as medidas estejam um pouco desajustadas, Pelaquim sugeriu optar por estratégias mais suaves em vez de começar diretamente com exercícios isométricos, que podem ser intensos.
Incorporando Exercícios Isométricos na Rotina de Treino
Para não tornar as atividades monótonas, é recomendado que misture diferentes modalidades em vez de se concentrar exclusivamente em um tipo de exercício. Por exemplo, é possível incluir atividades aeróbicas, de resistência e até intervalos de alta intensidade (conhecidos como HIIT).
Durante os exercícios isométricos, não é necessário seguir rigorosamente a abordagem tradicional de ficar completamente imóvel. É possível adaptar e progredir gradualmente.
O médico alerta ainda que no começo, não recomendaria a alguém com pressão alta iniciar com exercícios isométricos. A opção seria buscar opções mais leves e conforme o paciente for se adaptando, ir aumentando a intensidade.