Você está visualizando atualmente TikTok enfrentará processo nos EUA por morte de menina de 10 anos após desafio na rede social
Tribunal na Filadélfia concluiu que lei americana não impede que a mãe da criança busque ações judiciais contra algoritmo do TikTok - Foto: Reprodução/Pixabay

TikTok enfrentará processo nos EUA por morte de menina de 10 anos após desafio na rede social

Tribunal na Filadélfia concluiu que lei americana não impede que a mãe da criança busque ações judiciais contra algoritmo que recomendou desafio à sua filha

Tawainna Anderson, mãe de Nylah Anderson, questiona o funcionamento do algoritmo do TikTok. Isto é, o aplicativo recomendou para sua filha um “desafio de apagão (blackout)”, em que estimulam os usuários a se sufocar até desmaiar.

Nylah morreu em 2021 após tentar participar do desafio usando uma alça de bolsa pendurada no armário de sua mãe.

Um juiz de primeira instância havia negado o processo contra o TikTok e a sua controladora ByteDance com base na Seção 230 da Lei de Decência das Comunicações. Desse modo, a lei diz que provedores de serviços não porta-vozes do que é publicado por terceiros.

Agora, o Tribunal de Apelações do 3º Circuito dos EUA, com sede na Filadélfia, reverteu esta decisão. A juíza Patty Shwartz, escreveu por um painel de três juízes. Assim, diz que a Seção 230 só dá imunidade ao que for postado por terceiros, e não às recomendações feitas pelas plataformas.

O advogado de Tawainna, Jefrrey Goodman, comemorou a decisão. “A big tech acaba de perder seu ‘cartão de saída da prisão'”, afirmou, em comunicado.

O TikTok, portanto, não respondeu aos pedidos de comentários.

Entenda a decisão

Sendo assim, a juíza reconheceu que a medida foi diferente de determinações judiciais anteriores de seu tribunal e de outros. Ou seja, aquelas que consideraram que a Seção 230 torna uma plataforma online imune de responsabilidade por não impedir que os usuários transmitam mensagens prejudiciais a outros.

Shwartz disse que esse raciocínio não se sustenta mais por conta de uma decisão da Suprema Corte dos EUA em julho. Sobre se leis estaduais criadas para limitar o poder das plataformas de redes sociais de restringir o conteúdo considerado questionável violam direitos de liberdade de expressão.

A Suprema Corte, no entanto, considerou que o algoritmo de uma plataforma reflete “julgamentos editoriais” sobre “compilar o discurso de terceiros que ela deseja da maneira que deseja”.

Shwartz disse que, sob essa lógica, a curadoria de conteúdo usando algoritmos um discurso da própria empresa, não é protegido pela Seção 230.

“O TikTok, contudo, faz escolhas sobre o conteúdo recomendado e promovido para usuários específicos. Ao fazê-lo, está envolvido em seu próprio discurso primário”, escreveu.

O juiz do Circuito dos EUA, Paul Matey, em um parecer que concorda parcialmente com a decisão de terça, disse que o TikTok, em sua “busca por lucros acima de todos os outros valores”, pode optar por oferecer às crianças conteúdo que enfatize “os gostos mais baixos” e as “virtudes mais baixas”.