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Pesquisadores do Instituto Butantan desenvolveram um diagnóstico da leptospirose que se mostrou superior a teste padrão da OMS

Butantan desenvolve diagnóstico pioneiro para leptospirose capaz de detectar a doença no início

Identifica anticorpos quando a infecção já está avançada, prejudicando o prognóstico e tratamento de leptospirose

Pesquisadores do Instituto Butantan desenvolveram uma proteína quimérica para o diagnóstico da leptospirose que se mostrou superior ao teste padrão atualmente recomendado pela OMS. Ainda em fase inicial, a estratégia conseguiu detectar a doença em mais de 70% dos pacientes. Ou seja, aqueles que tinham obtido resultados falsos negativos nos primeiros dias de sintoma.

A leptospirose é considerada pela OMS uma doença negligenciada e subnotificada. A estimativa é que a cada ano 500 mil novos casos ocorram em todo o mundo, com uma mortalidade que pode ir de 10% a 70% em casos graves.

estudo publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, os pesquisadores depositaram um pedido de patente em março de 2023. Criado pelo grupo da pesquisadora Ana Lucia Tabet Oller Nascimento, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, o teste utiliza uma proteína quimérica recombinante, construída de forma sintética e denominada rChi2. Ela é composta por fragmentos das 10 principais proteínas de superfície da bactéria Leptospira – aquelas que o sistema imune detecta mais rápido durante uma infecção.

O novo diagnóstico também mostrou 99% de especificidade, não apresentando reação cruzada com outras doenças infecciosas. Ou seja: dengue, malária, HIV e Doenças de Chagas. Sendo assim, ele detecta especificamente os anticorpos contra leptospirose.

Outro obstáculo do teste clássico é a sua complexidade, por exigir uma grande coleção de bactérias Leptospiras vivas, então mantidas rotineiramente, e uma expertise significativa dos técnicos que o aplicam. Por isso, o MAT feito somente por laboratórios de referência, o que acaba reduzindo o seu acesso.

As amostras de soro utilizadas no estudo são obtidas de pesquisadores parceiros do Instituto Adolfo Lutz e do Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Leptospirose grave pode causar hemorragia pulmonar

Transmitida por bactérias do gênero Leptospira, a leptospirose é uma doença que ocorre tanto em humanos como em animais. A contaminação de pessoas é mais comum em épocas de chuva intensa e enchentes, por meio do contato com a urina de ratos infectados.

De difícil diagnóstico, a doença provoca sintomas inespecíficos que se assemelham à gripe ou dengue, como febre, calafrios, dor de cabeça e dor no corpo.

A leptospirose pode evoluir para a forma grave em 5% a 15% dos casos e afetar diferentes órgãos, principalmente fígado e rins. Mais raramente, pode ocorrer uma síndrome de hemorragia pulmonar, com taxa de letalidade superior a 50%.