Xi Jinping que um ex-embaixador chinês na Rússia, visitaria a Ucrânia
O presidente da China, Xi Jinping, disse na quarta (26) que o governo dele vai enviar um dirigente à Ucrânia para discutir um possível “acordo político” para a guerra da Rússia. Até agora, o governo chinês tinha evitado se envolver no conflito (os chineses têm uma política de não intervenção). No entanto, nos últimos tempos o país tenta se firmar como uma força diplomática global. Recentemente, os chineses costuraram um acordo entre o Irã e a Arábia Saudita. Dois países inimigos no Oriente Médio que restauraram relações diplomáticas depois de anos.
O que Xi disse a Zelensky?
Em um telefonema, Xi disse ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que um enviado chinês, um ex-embaixador chinês na Rússia, visitaria a Ucrânia. Isso de acordo com um comunicado do governo.
O texto não menciona a Rússia ou a invasão da Ucrânia no ano passado e nem indica se o enviado chinês poderia visitar Moscou.
Por que isso é importante?
A China é o único grande governo que mantém relações amistosas com o governo russo. Os chineses são os maiores compradores de petróleo e gás russo. O governo chinês trata o governo russo como um parceiro diplomático, especialmente porque os dois tentam se opor ao domínio dos EUA nos assuntos globais.
Xi se recusou a criticar a invasão e usou seu status como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Sobretudo para proteger diplomaticamente a Rússia. Antes desse telefonema, Zelensky já tinha dito que aceitaria uma mediação do conflito feita pela China.
Por que a China fez isso?
O governo de Xi tem buscado um papel maior na diplomacia global. O Partido Comunista Chinês considera que o país tem um status legítimo de líder político e econômico em uma ordem internacional.
Isso é uma mudança da política internacional tradicional do país. Ou seja, por décadas, os chineses se concentraram no desenvolvimento econômico de seu próprio país.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, disse aos ministros israelenses e palestinos que seu país está pronto para ajudar a facilitar as negociações de paz.
A declaração desta quarta-feira alertou contra os perigos da guerra nuclear. Assim, sugeriu que o governo chinês também pode ter sido motivado pelo perigo de um conflito mais destrutivo.
A mediação entre a Ucrânia e a Rússia aumentaria a presença da China na Europa Oriental. O governo chinês tenta construir laços com outros governos. Entretanto, isso gerou reclamações de algumas autoridades europeias de que a China está tentando ganhar vantagem sobre a União Europeia.
A professora de ciência política Kimberly Marten, do Barnard College da Universidade de Columbia, em Nova York, duvida que a China tenha sucesso em um papel de pacificador. “Tenho dificuldade em acreditar que a China pode atuar como pacificadora”, disse ela, acrescentando que Pequim tem estado “muito perto da Rússia”.
Como é a relação da China com a Rússia?
A China é o grande país mais aliado que o governo de Putin tem. Xi e Putin publicaram uma declaração conjunta antes da invasão de fevereiro da Ucrânia em 2022, que dizia que seus governos tinham uma “amizade sem limites”.
O governo chinês repetiu as justificativas russas para a invasão. Em março deste ano, Xi fez uma visita a Moscou, onde foi recebido por Putin.
A China aumentou as compras de petróleo e gás russo, ajudando a compensar a perda de receita resultante das sanções ocidentais. Em troca, a China obtém preços mais baixos, embora os detalhes não tenham sido divulgados.
Quais são as relações da China com a Ucrânia?
A China era o maior parceiro comercial da Ucrânia antes da invasão. Em 2021, a Ucrânia anunciou planos para empresas chinesas construírem infraestrutura relacionada ao comércio.
O governo de Zelensky, no entanto, foi mais ambíguo em relação ao governo chinês depois que ficou claro que Xi não tentaria impedir a guerra de Putin. Mas os dois lados permaneceram amigáveis.
Qin, o ministro das Relações Exteriores, prometeu neste mês que a China não forneceria armas a nenhum dos lados. Uma promessa, portanto, que beneficia a Ucrânia, que recebeu tanques, foguetes e outros armamentos dos governos dos Estados Unidos e da Europa.