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Com Ruído Branco, o que temos é um longa que parece caótico e bagunçado, mas que esconde seu real significado bem à nossa vista

RUÍDO BRANCO: Por que o filme da Netflix tem esse título?

O tal ruído está bem presente ao longo de toda a história

Ruído Branco não é um filme tão fácil. Além de ter uma linguagem bastante caótica e um tipo de humor bastante peculiar, o filme da Netflix tem uma mensagem que pode passar despercebida por muita gente. Afinal, com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, é natural que a gente se perca em meio a tanta bagunça.

O maior exemplo disso é a própria razão de ele se chamar Ruído Branco. Você já deve ter ouvido uma expressão que representa aquele barulho constante que, depois de um tempo, passa a ser parte da paisagem e deixa de ser percebido. Como o som de um ventilador ou mesmo uma música ambiente, por exemplo.

Mas por que o filme de Noah Baumbach se chama dessa forma se não existe nenhum barulho do tipo em toda a história? Na verdade, o tal ruído está bem presente ao longo de toda a história e em múltiplas formas, mas não do jeito que a gente espera — e é o que torna tudo tão interessante.

Diante dos nossos olhos

O pôster oficial do longa dá uma boa dica da razão de ele se chamar assim: “Se está por todo lado, não se consegue ouvir”. Isso quer dizer que ainda estamos falando do mesmo conceito, mas de uma forma um pouco menos literal. Ao invés de um som, a trama vai tratar sobre discursos e comportamentos.

E isso é algo que o filme traz da obra original. O livro de Don Delillo de 1985, também está repleto desse simbolismo ao fazer sua crítica social. A história do professor universitário Jack Gladney e sua moderna família em meio a um desastre ambiental é um retrato satírico de várias questões que estão sempre presentes em nosso cotidiano e que passam despercebidos aos nossos olhos.

Entre esses temas está o medo da morte e o próprio significado de nossos relacionamentos, passando inclusive por uma crítica ao consumismo e a uma busca por normalidade diante do absurdo.

E um dos grandes feitos de Ruído Branco enquanto filme, foi ter conseguido trazer toda essa cacofonia discursiva para a narrativa. Assim, o que temos é um longa que parece caótico e bagunçado, mas que esconde seu real significado bem à nossa vista.

Qual o ruído branco do filme?

E o grande charme nisso tudo, é justamente não existir uma resposta certa para o que está sendo dito. Na verdade, tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e temas sendo abordados em simultâneo que o significado que vem à tona é aquele que você consegue captar.

Mais uma vez, é o próprio conceito do ruído branco. Imagine todas essas mensagens e temáticas que o roteiro aborda como sons diferentes tocando ao mesmo tempo. É aquele som indistinguível que você simplesmente deixa de notar à medida que avança pela história. Contudo, à medida que você pega uma ponta e segue por ela, isolando todo o resto — ou seja, mantendo esses discursos como um ruído branco imperceptível —, consegue desfazer esse novelo e extrair todo um significado.

Isso pode ser justamente o tal medo da morte. O tema aparece em vários momentos. E permeia assim, quase todos os personagens. Mas se torna muito mais audível depois que Jack (Adam Driver) passa pela experiência do acidente tóxico e acredita que está com os dias contados. Mesmo que isso leve, entretanto, anos para acontecer.